terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Cotidiano aos 80 - Chuva da manhã

Hoje quando acordei havia ainda uma chuva fininha caindo. O gotejar na janela era espaçado e contínuo. Demorei para abrir os olhos e demorei mais para tomar coragem em abrir a persiana que estava fechada. Olhei pelo vidro da janela e vi uma grama verdinha, árvores com folhas verdes molhadas. Lentamente me dei conta de que a vida goteja  sempre uma possibilidade no dia que se inicia. Dei conta dos anos que se passaram e os cabelos que caíram de minha cabeça. 
O mundo está complicado demais, nada é tão simples para nos que já não somos jovens. 
Outro dia entrei numa dessas cafeterias e pedi um café. Eu gosto de café. Café sem aqueles penduricalhos que hoje em dia colocam. Você pede um simples café e logo a moça lhe traz um cardápio dos tipos inusitados de café. 
- Senhor, temos café com creme. Café gelado com creme  Café expresso com creme, Café com canela e creme...  
Meus ouvidos param de escutar a palavra café e só o que me vem a mente é o dando do creme. Eu só quero um café preto, simples.
 
- ah! o senhor que um cafezinho? 
- Não, respondo eu. Eu quero um creme o café você deixa para outra pessoa. A faça-me o favor
- Cafezinho na mesa 7 por favor

Minutos depois, alguém vem sorrido com uma xícara do  tamanho do polegar, com um cafezinho. Olho para a cara alegre da atendente e não me dou conta de que é um cafezinho que deveria ser apenas amostra grátis. 

O mundo mudou muito e agora com tantas mudanças que eu não consigo acompanhar e me deparo com o cafezinho como algo extremamente de outro planeta.

Noutro dia voltei na tal cafeteria e a moça  me indagou se eu iria tomar um cafezinho. Logo imaginei o polegar de café. 
- Não obrigado, hoje quero um cafe expresso sem creme
Minutos depois, vem a moça com um copinho de água mineral, um biscoitinho e um café expresso.
Meu Deus o que significa isto. Eu confesso que não sabia o que fazer direito e tremendo como de costume, peguei o biscoitinho, e provei. Era docinho. Provei a água com gás. Por fim provei o café. Horrível. Forte demais da conta. Foi então que me dei conta de que como dispensei o creme, a água devia ser para diluir aquele petróleo espumante. Derramei a água aos pouco e fui diluindo e bebendo aquela mistura que ficou fria. gasosa e sem doce. Como não me agradava o gosto. comi o biscoito de uma vez só. Da próxima vez tomo só minha polegada de café. Nada de penduricalhos. 
 
Voltemos ao meu quarto. Abri a janela e veio aquele ar molhado e frio. Respirei fundo e sentir vida. 
Lembro-me de quando era criança e morava em uma casa de telhas francesas, sem forro. A chuva fazia aquele cheiro de barro descer até a gente  e eu respirava o cheiro do Adão feito por Deus. Gosto deste cheiro. 
Hoje sei que cheiros me dão prazer. Leonor, me dava muito prazer com seu perfume nas manhãs de domingo quando íamos a igreja. Cheiro de Leonor é cheiro de vida. Alias três lindas vidas. Leonor se foi há alguns anos e o cheiro que era dela, agora mora em meus pensamentos. 
Não me importo com o tempo e a saudade. O que me importo é sempre lembrar do cheiro. 
Meu neto um dia disse: Vô, o senhor sabe que com o tempo a primeira coisa que esquecemos é o cheiro?
Será?
Abrir a porta do quarto e fui direto para a porta da sala. Abri e caminhei um pouco naquele chão molhado. Tirei as sandálias e pisei. Como é bom esta terra molhada. Como é bom viver ainda na terra molhada. 
O céu está triste e chora a chuva para nos  faz alegrar. Será tristeza mesmo?  Tomara que esteja chorando de alegria. 
O céu quando chora bravo, solta raios e trovões. Mas quando está alegre é esta chuvinha fina que cai.  Homem velho sabe bem o que é chorar. Choramos a vida toda e por toda a vida. Choramos de alegria, de emoção e de tristeza. Às vezes choramos escondido. Homem chora.
Caminhei em direção a um pitangueira no fundo. Colhi umas duas pitangas madurinhas que dá gosto. Coloquei na boca e fui transportado para a Santa Cruz da minha infância. Pitanga na boca. 
Acorda homem! Não está vendo que já ficou velho e chuva não combina com sua idade?
Maldita seja nossa memória. Maldita seja nosso senso de coisas corretas. Ah, me deixa memória. 
Hoje não tem passeio na calçada. Hoje tem chuva, pé no chão e cheiro de terra de Adão. 

Meu neto não tem razão. A primeira coisa que esquecemos não é o cheiro, esquecemos das palavras. Pitanga nos faz meninos. 
Melhor sair da chuva e voltar pra casa. O céu chora de alegria eu sei. Leonor chorava também. 

Noutro dia vou  chorar e que seja assim, bem de mansinho para regar a vida de alegria. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Cotidiano aos 80

Dispenso-me de cumprimentar quem não gosto. Apenas um olhar e manejar de cabeça quase imperceptível já é o bastante. Não que eu seja mal educado, mas eduquei-me com os anos em que tinha pessoas que não gostava por perto e fazia parecer tudo naturalmente aceito.
Preocupo menos com as métricas e as rimas que a vida precisa ter. A vida não é nenhum soneto e eu nem mesmo sou poeta. Assim vivo mais leve em errar combinação de humor e palavras.  E há quem diga que a vida começa depois dos 40. Não concordo a vida começa quando a gente acha que deve começar. Que mal há em começar aos 80 e morrer aos 90 e assim mesmo achar que é bom?
Houve um tempo em que eu vivia temeroso em perder coisas importantes na minha vida. Hoje vejo que é uma bobagem estas coisas importantes, porque somente são importantes para a gente, não para o outro. Um belo dia você acorda morto e descobre que aquele seu livro predileto foi doado. Aquele terno caro que só usou poucas vezes em comemorações importantes, foi doado para um brechó da esquina e quem vai arrematar a peça, nem sabe o  valor dela. Coisas importantes são importantes para gente. Sabe aquele amor que a gente tem por coisas? Somente a gente sente, os outros nem estão ai para nada disto. Quando a vida não for parceira neste seu corpo, as pessoas irão vender, doar ou desfazer de tudo que você juntou com tanto afinco e amor. 
Prefiro coisas essenciais à coisas importantes
Decidi que não gosto mais de bolo de aniversário e nem mesmo vou mais a estas festividade familiares.  Eu decidi, uai e daí?
Ando, hoje com muita dificuldade. As pernas não tem mais a força da juventude, então ando pouco e devagar. 
Outra coisa que sempre detestei e hoje, na flor dos meus 80 anos dou-me o luxo é de não usar cuecas. Aquilo esquenta e atrapalha demais quando vou ao banheiro e o tremor das mãos não deixa desabotoar a calça com agilidade, ai quando consigo ainda tem a danada da cueca para baixar. Quase sempre não dá tempo. 
Hoje cultivo margaridas, tulipas e copos-de-leite. Mas gosto mesmo é de Hortência. Sim Hortência com H maiúsculo.  Ela sempre traz um café com leite para mim. 
Quando se chega ao limite da idade, os amores passados  trazem juventude ao nosso corpo já morto e vemos como desperdiçamos tempo com bobagens triviais e sentimentalistas. Desperdiçamos momentos com convicções infelizes que adquirimos da sociedade. Isto pode. Isto não pode. Amor assim, correspondido pode. Amor não correspondido, não pode. E lá se vai a juventude com tantas recomendações inúteis que se perde tempo em vivê-las.
Hoje não, o amanhecer se torna  ímpar e não se pode desperdiçar nem um raiozinho, porque pode ser um último derradeiro da manhã.  Neste, imperceptível, mover do tempo, damos conta de que a vida é para ser vivida e não para ser acumulada. 
Tomo café quando tomo. 
Banho, bastante demorado. 
Ando descalço para contrariar a todos. 
Gosto de tomar banho na chuva. Isto mata todos de raiva dizendo: você vai adoecer, não tem idade, e blá, blá, blá. 
Detesto remédios, mas gosto de tomar, quase sempre antiácidos sabor laranja. Gosto daquelas bolhinhas aromatizadas.
Gosto de crianças, não de todas, mas algumas.
Conheci um garoto, o nome dele é Pedro, tem 4 anos e me disse a coisa mais certa de todos os tempos. Ele me perguntou se eu já tinha nascido velho. Eu imediatamente disse que sim. Nasci velho  e fui ficando jovem e depois fiquei velho de novo. Ele então respondeu: Um dia quando eu for novo vou querer ficar velho também, mas um velho bem novo como o senhor. Gostei da filosofada do garoto.
Ah sim, permita-me dizer que sempre me considerei novo para minha idade.
O irmão do Pedro jogou a bola e quebrou uma das minha tulipas no jardim da frente.  A mãe dele veio e pediu desculpas e trouxe até um presente,  um livro de culinária bem legal. Hora destas vou experimentar fazer um daqueles pratos engraçados que tem lá.
Bom, deixa eu voltar a minha tarefa diária. Andar pela calçada cumprimentando somente as pessoas que eu gosto. Noutra hora eu volto e se não voltar, estranhe não deve ser porque a vida deixou de ser parceira.
Lá vem aquela senhora chata da casa 450, melhor virar a cara e olhar o outro lado da rua.


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Tempo

Passa por baixo devagarinho
Um rio lento debaixo da ponte
Passa por baixo devagarinho
Um poema simples que não se esconde

Menino brincando
Bola rolando
Corda batendo
Vida passando

E o tempo..
Passa, passou
E o tempo
Trem que nunca mais voltou

Tempo

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Antes de mais nada

Antes de falar
Antes de fechar a porta e partir
Antes de cerrar os olhos
Antes de suspirar de amor
Antes de se aborrecer, magoar e entristecer

Antes de simular raiva e desdém
Antes de ser o que dizem que é
Antes de tentar dormir sem sono
Antes de pensar em desistir

Antes,


Antes,


Antes,

Antes,





Tome um café ao gosto da tua vida e uma vida com gosto de um cafezinho
coado, quentinho, saboroso.

CAFÉ PARA DOIS, POR FAVOR


Então o cafe, alimento de bocas e almas se fez presente.

Num instante, entre o gole e a dedicatória, a névoa branca sobe pelo ar e o teu aroma exala em meio tom de caramelo doce.

As xícaras frente a frente desafia-nos nos olhares a coragem única de quem deseja saborear, boca a boca o café servido.

Já o tempo, limite e ceifador dos que tem pressa, passa a goles rápidos.

Café para dois, por favor. Exigência de parceiros, de gente que quer mais que um bom papo. Quer o café na vida.

Conversas e goles. Café que se quer pra sempre. A  tarde, cheia de aroma, anuncia que a xícara, vazia está.

Outro café para dois, por favor!

 

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Para lembrar

Ainda tens os copos de leite emoldurados?
Ainda mantém os cintos pendurados atrás das portas?
Ainda tens as miniaturas em tua cozinha branca
Copos de sonhos?
Gotas de vida.

Em horizonte diametralmente opostos colocamos nosso livros

Ainda guarda os  meus últimos rabiscos a lápis ?
Ainda conservas o sabor do café na boca?
Ainda toma goles pequenos de desejos?
Corpos na cama?
Gotas de vida.

Num emaranhado de coisas há as pequenas e detestáveis caixas coloridas, antigas é bem verdade. Atuais como necessário.
inimaginavelmente surpreendente
Inimigos calados em opostos vencidos?

Ainda guarda as marcas?
Ainda sabes do café?
Em tardes ensolaradas,
Pequenos goles na solidão da vida.
Gotas de vida.

E para lembrar, tome um café,
Leia um texto, feche os olhos.
Feche bem os olhos e  traga as primeiras lembranças, os primeiros momentos
Ainda  é capaz de lembrar?
Do roçar de pernas debaixo da cadeira
Do molhar dos lábios
Do primeiro pedido

Para lembrar ou para esquecer?

Café nos soa tão bem

Para lembrar.

Quanto de você ainda pertence a mim?
A tua pele, dorada em trajes cada vez mais ousados,
Os teus olhos
Vejo a imensidão da tua alma,
teus sonhos de menina
teus desejos de mulher.

Tens em teus lábios, os contornos da minha boca
Em anseios diários,
Em fotos, em gestos, em vida.
E quanto espero ver-te
em seus vestidos, em suas bocas e gestos

Não sabes que pertence a quem te desejas bem?
Não sabes que a vida te alimenta de pequenas palavras diárias?
Não sabes que os teus olhos, que olho, são olhos de ternura e maciez

Então não furte de ti a felicidade
O sorriso recheado de beleza
A fragrância do teu cheiro
O sonhar o simples  da vida

Toda bela, toda fera és assim
beleza  em pingos de lembranças

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Cartas

Ao menos pudesse entregar-lhe os pensamentos, as fantasias deixadas e os retratos na parede.
Prosa em versos em couché de finos traços a caneta de mão,
Entrego-lhe desejos de noites passadas, exclamadas em palavras românticas
Tudo para deleitar-me com tua vontade.

Embora siga a estrada empoeirada, as macieiras ainda dão seus frutos
E no jardim de acácias vibrantes, respinga o amarelo dos teus olhos.
Á forma de olhar, o senso de beijar e as mãos a abraçar.

És ainda regada a desejos pelos desejos meus?
Ainda danças as valsas em madrugadas enluaradas?
Ou apenas vislumbra do passado, a mais remota lembrança?

Pudesse ao menos dizer-te: amor
Enquanto o caliente sol nos aquece.


Enfim o sinal da tua ida, dos teus acenos ficaram na estação.
O trem que se foi, voltou sem a ternura ta tua presença
E a fumaça, ora vista de longe, deu lugar ao menos aclamado ruido,
Das cordas do violão,
Das folhas secas no chão,
Das eternas e infindáveis noites de solidão,
Da chuva sem estação
Do verso sem a canção

Sons, que sons não tem, não se exprimem
Exasperar ao toque da saudade


As cartas ainda estão endereçadas
"Cartas para um amor distante"

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Seus olhos

E se seus olhos dissessem amor e de amor me olhasse intensamente
E se o verde que eles tem fosse o sinal de avance e me beije
E se a imensidão da tua alma fosse revelada em um só olhar
Seria tudo tão bom e tão belo

Um olhar que diz tantas coisas,
Coisas que ainda não sei dizer
Coisas do coração
Daquelas guardadas em pequenas caixas coloridas que colocamos as jóias mais delicadas

Seus olhos são tao lindos
Expressão de uma vida inteira
De um mistério, de uma mulher ainda não revelada

"seus olhos e seu sorriso, milhares de tentações"

Eu me prendo a olhar e o verde-azul  me prende
Faz-me sentir menino, cativo, inteiramente seu

Ainda continuo olhando e ainda continuo desejando
porque quando os meus olhos encontram com os seus olhos
dizem tantas coisas, que não precisa de palavras, apenas de um olhar

E se seus olhos dissessem amor...

terça-feira, 20 de agosto de 2019

O poeta Morreu

É com pesar que comunico-lhes a morte do poeta.

Morreu por falta de amor, de sonho, de palavra.

Morreu neste dia aquele que sonhou com palavras vividas e sentidas.

Morreu o pensador dos corações.

A causa é simples.

Não resistiu a tamanha falta de  sensibilidade das pessoas.

Foi morto pela falta de histórias amorosas, porque as pessoas desejaram mais o imediato sexo, do que o cortejar alegre e inocente. Preferem as máscaras da vida, do que o amor simples, a amizade revelada sem interesse.

A donzela... perdeu-se no feminismo descontrolado e na tentativa igualitária de ser
Não foi o acesso as tecnologias que tornaram as pessoas frias, foi a falta de controle, a falta de vidas vivida em momentos reais.

O poeta não resistiu a vida virtual e morreu só.

É triste pensar em pessoas tão fúteis, em pensamentos fúteis, em relacionamentos recheados de  interesses pessoais. O héros interesseiro não devia tomar conta do agapê zeloso.

E se o poeta morreu, morreu junto as rimas e as métricas, irmãs de uma longa data que sempre trabalharam em prol dos apaixonados, adocicando em cada estrofe o mel do amor.

Finda-se o poeta, morre a poesia.

Hoje acordamos mais triste, mais formais. Acordamos com um silêncio que foi rompido pela sátira da vida. Acordamos com o barulho ensurdecedor de música que coisificam as pessoas, o amor e o sexo. Frases de ilustres  famosos que encenam paixões surrais nas telas e são vazios na vida real.

Onde está os que acreditam em amores?
Mortos como o poeta .

O negócio agora é uma foto sorridente nas redes sociais, um relacionamento vegetativo no mundo virtual e ser feliz é uma questão de quantas curtidas recebi hoje.

Amor tem cheiro de tela e o coração é um processador de não sei quantos gigahertz,

Desta forma aposentam-se os sentimentos e as conquistas. Não há necessidade de ser e sim de ter. Tem quantos seguidores. Dançar a última música que te chamam de vádia, cadela ou enaltecer a dominação besteirol do sexo em bailes que são prostíbulos  sem paredes.



Morreu hoje o poeta,

Aqui deixamos os nossos pesares a todos

terça-feira, 2 de julho de 2019

Historinhas para distrair - devido a pedido finalizando a Historinha da Ana Lu

Era uma tardinha destas de sol bem amarelado que finda o dia,  refletindo tudo que foi feito durante o dia. Mais um destes dias interioranos.
Encontro marcado na sorveteria e João preparava-se para o tão sonhado encontro com a sua amada Ana Lu. Ele havia acordado cedinho, aliás se é que conheço este afortunado apaixonado, ele nem dormiu a noite inteira pensado no que iria falar, como iria acontecer o primeiro beijo. Ele deve ter se imaginado o Clark Gable beijando Viven Leigh em o Vento Levou . 
Água de colônia em todo o corpo, cabelos com a melhor brilhantina, terno branco de linho perfeitamente amassado e muito sonho no coração. 
Já  passava das  cinco e meia quando João chegou a sorveteria da praça. Escolheu logo uma mesinha no canto para ficarem mais à vontade e quem sabe eternizar ali mesmo um  beijo apaixonado. 
- Ô sinhô Bertolo, boas tardes - declarou alegremente João - Boas tardes João! Aonde ocê vai assim tão apresentável, homi?
- Oia , sinhô Bertolo, hoje consegui um encontro com  Ana Lu e vosmicê e não vai ficar ai espiando igual  onça na presa. 
- Vê se sou fuxiquento, homi. Eu tô é feliz da conta por ôce. Até que em fim - disse o dono da sorveteria. 
Bertolo era um destes homens grande de um branco avermelhado. Foi para a capital ainda jovem e voltou anos depois casado e dono de sorveteria e diga-se de passagem era a ultima moda na cidadezinha.
- Ô João - falou o sorveteiro - Olha quem ta chegando?
João olhou e viu Ana Lu, mais linda do que nunca. Tinha fita azul no cabelo, vestido de chita. Andava bem leve. 
- Ela ta vindo - disse o apaixonado da tarde.
Ana Lu veio passo lento, e entrou na sorveteria.
- Boas tardes, sinhô Bertolo - Exclamou a moça com sorriso nos lábios
- Boas tardes, Aninha, como vai dona Maria, sua mãe - perguntou o sorveteiro
- Ela passa bem, inté veio comigo, só que parou na venda do seu Tinoco para comprar algumas coisas, mas agorinha ela das as caras por aqui.

João estava trêmulo, olhando  imóvel para Ana. Seu coração batia acelerado e a boca seca o fez engasgar.
- han han! - expeliu involuntariamente o apaixonada da tarde.
- Oi João, como vosmecê ta?
- Eu, eu...
 Ele ta bem Aninha - socorreu o sorveteiro de plantão
- Sim, eu to bem. Vamos sentar Ana. - disse puxando a cadeira do canto

Ana Lu, sentou-se e  olhava para João com ternura. Ela era uma moça de uma beleza interiorana, de puros modos e grandes cabelos.
João, um caipira que não tinha aonde cair morto, mas que trabalhava de sol a sol, juntando tostão por tostão afim de comprar um pedaço de terra para pousar a vida.

- Olha João, minha mãe não sabe que eu vim, desta feita, não posso encontrar com vosmecê aqui - Ana olhou para a rua e notou a mãe vindo em direção a sorveteria-  Então,  te espero  depois da missa de domingo na ponte.  - Ana  levantou rapidamente e deu um beijo tão rápido que o piscar dos olhos seria lento e  levantou-se para sair
.
- Sim é claro que sim

- Bora pra casa fia, seu pai já ta esperando - falou dona Filomena, mãe de Ana Lu, entrando na porta da sorveteria

 O nossa caipira ficou estático, paralisado com o beijo relâmpago que recebera. Ali no seu pensamento, ainda Ana lhe beijava. Pôde confirmar o amor dela. Pôde notar que seu amor tinha encontrado a outra margem do riacho doce. Seu coração suspirava a delicia de ser correspondido e não havia nada mais que importasse. Ali, sentado sonhava alto com a sua amada..
- João, acorda homi - exclamou alto o sorveteiro

João saiu pelas ruas  sonhado com domingo encontrar a sua amanda....

continua


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Historinhas para distrair 2

Naquele dia, Maria Rita encontrava-se agitada. Andava de um lado para o outro, sempre com os passos pesados sobre o chão de tábua corrida da casa da avó. Seus cabelos longos voavam a cada vai e vem. Parava, olhava para a janela e via apenas o descampado da fazenda. Havia até alguns homens trabalhando, outros arreando o cavalo e algumas mulheres estendendo  roupas ao longo do rio que passava próximo a entrada da casa.
- Ô Maria! Gritou lá de fora.
Seus passo apressados desceram um lance de escada, virou no corredor que dá acesso a parte de lateral da casa.
- Ô Maria, cê demora demais, tô aqui esberrando ocê há um tempão.
- Cê ta doido homi, eu to lá na sala vigiando, pra vê se ocê chega  e nada  de dá as cara.
- Uai, ocê não disse pra eu vir sorrateiro, pois então, eu vim e tem recado do doutozim pra ocê.
- Conta, logo homi de Deus - Maria fala e segurava firme no braço do mensageiro do sertão.
- Então, ele disse que é pra modi de ocê ir hoje a tardinha la na cidade  e entrar na igreja que ele ta te esperando.
- Então vou pedi o Zulão pra colocar Filomena na charrete o mais ligeiro possível. Ocê faz o seguinte, Tonho, corre depressa e avisa Zulão pra preparar Filomena na charrete, que eu to saindo homi. Coração ta batendo na boca ...

Amor de sertão, é amor de carta, de recado dado as pressas, de amor encontrado no silêncio frio da igreja. Amor que agita e acalma. Amor de Maria Rita e Doutor Mendes. 
Amor da ingenuidade de pessoas sábias lá da roça, dos tempos de minha avó Sebastiana, índia de cabelos compridos e negros. 
Amor destes não tem pressa, corre bem lento, experimentando as curvas do coração. 

Maria Rita casou-se com o doutorzinho e no dia da cerimônia, Maria Rita estava ainda com o coração batendo na boca quando entrou na igreja e lembrou de onde tudo havia começado a um ano atras. diante daqueles bancos onde ela deixava, vez por outra, um bilhetinho com o pseudônimo de Amor dos Amores e ele correspondia deixando versinhos assinado Coração Amado. 

Dizem que tiveram seis filhos e todo final de tarde eles deixavam um versinho escrito em bilhetes pelos cantos da casa. Maria Rita e doutor Mendes viveram juntos até os sol de suas vidas se por numa tarde de outono.

Amor, que amor não se basta na razão. É coração em chama e ninguém pode deter.

continua...



quarta-feira, 26 de junho de 2019

Historinhas pra distrair

Sinto o vento em meu rosto. Sinto o sol que toca minha pele. Em meia tantas provocações da vida, resta-me viver a mais pura felicidade de estar aqui, vivo e ainda lúcido. Poucos  se importaram de fato com o fato de sentir a vida.
Sentado nesta grama verde, de longe vejo a minha cidadezinha. Nasci em meio aos verdes pastos e ainda carrego comigo o cheiro do mato, da terra molhada em dias de chuva fina. Carrego em mim os traços mais profundos da gente simples, honesta e trabalhadora. 
Trago na minha aljava as flechas que não disparei contra quem mereceu, não sei se por honestidade caipirana, não sei se por falta de vontade. O certo que elas nunca saíram em direção a ninguém. 
A minha vida é boa e bons são os meus dias de possibilidades diante dos monstruosos problemas que acarreta a gente. Aquela gente que anda de chapéu de aba larga e mãos grossas de enxada.

*  *  *

Tardinha dessas vi Ana Lu, sentada na calçada da praça. Vestido de chita, sempre a acompanhou. Cabelo de um preto viscoso e brilho intenso, sempre preso com uma fita flor. Passei meio que assuntando de rabo de olho. Vergonha sempre foi aliada, mas esforcei as canela  para não tremer e fui aproximando da moça. pé atrás de pé e quando cheguei fiz de bobo e perguntei: Ana ocê quer ir mais eu no coreto ver a banda? Ana Lu olhou que olhou pra mim, senti um arrepio mandado retirar, mas mantive firme, já que ensaiava isto a mais de ano. 
 - Ocê é besta demais ne, João, to aqui a mais de ano esperando ocê decidi se fala comigo e hoje ocê vem e convida pra ir ver a banda. A banda já tocou homi. Mas aceito ir na sorveteria.

continua....




sexta-feira, 14 de junho de 2019

UM CAFEZINHO COM SAUDADE

Um cafezinho com saudade

Saudade de ver seu fumegar
Tu se precipitas em minha boca,
sabor, aroma e doçura.
Saudade de te sentir me aquecendo,
a boca, a língua, o sonho.

Admira demorar tanto para te esquecer.
Será o café que  tomamos na sua sala
ou será que ele nunca acabou de fato.

Cafezinho igual ao teu não se esquece jamais.

Café que me mata e me faz viver.

A cama, o clima, a dama, o toque.

Saudade do café com olhares,
com desejos, com saudade.

Ainda um café, sem vergonha, sem juízo, sem tamanho, sem pressa, sem medida.
E Vagamos nos dias do café,
Divagamos em nossos pensamentos
Da vontade,
da constância.

Encerro este texto como gosto de café na lembrança.


quinta-feira, 13 de junho de 2019

BILHETINHO PREGADO NA GELADEIRA

Quero dizer-te uma coisa: Apega-te a mim e não me deixes soltar
Dize-me que faço brilhar seus olhos ao me ver passar,
e não se prenda ao acaso.
Solte-se, liberte-se e ao anoitecer, beije-me.


quinta-feira, 23 de maio de 2019

PARA UMA VELHINHA QUE VI ATRAVESSAR A RUA ONTEM

Mostre-me os relevos desta vida

Na aridez deste sorriso encontrei a umidade da tua face e dos teus olhos, guardado para apreciar a noite quando a lua dança no céu. 

O relevo dos teus lábios, sulcos cortados verticalmente, delineiam a atmosfera do desejo aonde encontra a mais bela flor deste deserto

Na palidez do seu olhar encontrei  caudalosas lágrimas de saudade. E passam pelas estações que aflora em outras estações. O trem passa e se vai, a estação fica, saudosa e solitária.

Mostra-me os raios de sol  
Mostra-me as manhãs de abril
Mostra-me os sonhos recortados em papel marchê
Mostra-me os anos fabulosos da tua mocidade
Mostra-me as correntezas da tua vida
Mostra-me as pedras para que eu desvie delas.

E vem o dias, vem horas, vem o mês inteiro  

Mostra-me tuas histórias, teus contos, teus passos.
Mostra-me as enrugadas  mãos, o rosto, os pés, os embranquecidos cabelos.
Mostra-me o seu coração pulsante

Sua voz já envelheceu
Seus movimentos, lentos ficaram

Os dias foram como chuva em terra desnuda, causaram marcas.
Os ventos secaram teus cabelos, tua beleza terna, tuas ilusões.
O relevo da tua vida mostra-te mais bela em teu avançar de idade.

Mostra-me o relevo da tua vida vivida em anos passados.
Teus amores, desamores...
Mostra-me seus passos de dança, de sonho, de esperança.

Atravessas a rua como quem atravessas a eternidade
Golpeia a lucidez de todos nós, mostrando-te ainda viva, atuante, inexplicavelmente bela.
Nossa vida vivida ainda não vale a pena se contada, a tua merecer

Quantos relevos a tua vida tem?
Quantas diversidades tem teus pensamentos?

Atravessava a rua lentamente como que dizia "hei! Ainda estou aqui para contar uma história"
Parei com a minha vida e observei o andar daquela velhinha  de vestido longo, cabelos brancos. 
Ela olho para trás e sorriu pra mim, com o olhar dizendo, pode vir a vida é apenas uma rua movimentada que se atravessa bem devagarinho. 









sexta-feira, 10 de maio de 2019

Tomar um café

Tomar um café 
Antes de tudo é preciso preparar-se, deixar-se levar pelo aroma, pela viscosidade do sabor.
Tomar um cafe é embriagar-se de sensações boas, lembranças ternas.
Um simples café é sempre um super aprendizado.
Tomar café é tomá-lo com a alma aberta e o coração repleto de gosto
Um café une pessoas, edificar laços e transforma vidas
Um cafezinho quentinho é sempre um convite a um sorriso.
Quem não sonhou um café junto com quem ama
Paris sonhou, cidade bela, romântica e do café na equina, amores na Eiffel
Tome um café sempre que for convidado
Não hesite, pois o café da vida esfria muito rápido.

Já tomou o seu café  hoje?

quinta-feira, 9 de maio de 2019

INFÂNCIA

Saudade da ruazinha da minha casa.
Dos matos que cresciam junto às calçadas,
Das chuvas que molhavam a terra seca do quintal
Havia vida, mesmo quando não havia abundancia.

Saudade de correr descalço e pisar no chão nu.
Coisas de crianças a fazer,
Sonhos sonhados antes de anoitecer.

Saudade das fogueiras, das batatas, das cantigas.
Saudade do pula corda, do pega-pega, de Aninha.
Saudade da bola de meia e da meia bola.
Saudade de ver o verde novinho.

Eramos bichos, soltos em nossas imaginações.
Eramos aventureiros a desbravar a Mata das Borboletas,
Nadávamos em meio as grandes árvores 
Jatobá, Pinha, frutinhas silvestres apanhadas no caminho.

Calção, descalço e sem camisa era nosso uniforme,
Meninos que brincavam sobre as lápides amareladas da Saudade

Eita tempo, eita tempo...
Doze anos, 
Saudade de correr e...
não pensar em voltar a atualidade.




quinta-feira, 4 de abril de 2019

Uma lembrança prevista

Empresta-me seus passos, seus olhos, seu coração.
Afim de saber como anda as coisas por ai
Ao fim de semana te encontrar, em flor iluminada a despertar

Empresta-me seus lábios, não me recordo de beijar outra pessoa
O destilar das teus lábios ainda perdura na madrugada.
Em dias difíceis de dormir.

Empresta-me o teu tempo e ao meu tempo poder te encontrar
Sem pressa, sem medo,
em festa, a dois.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Não te deixo nada, oh morte

Por fim, eis que entrego os meus dias a ti
Não me deixo rico e nem pobre, apenas eu.
Não me perguntes e não me incomodes mais
Leve o que é teu e deixe o que é meu,
Restos do que fui.

Não vou lhe deixar a casa, o carro e o cachorro
Não lhe deixo também as flores, essas são minhas
Não levarás nada além deste corpo sóbrio e bem vestido.

Quiseras levar-me antes, doce ingenuidade.
Há tempo para todas as coisas, até para ti
Eu mesmo gostaria de dizer: não me roubastes a mim, mas eu deixei-me ir a ti
Sim, não sorrias de tal anedota.
Eu nasci
Eu vivi
E hoje eu morri.

Morte, hoje  meu sorriso estampado em tua cara, mostra que o que você leva, não o leva por ti
Levas por nós
Vives, morte, da vida alheia
Dos sonhos alheios
Em ti não  há vida nenhuma, apenas uma palidez profunda que o tempo te deixou.

Não lhe deixo meus textos, meus rascunhos, minhas  histórias
Deixo apenas a vontade de querer mais e mais
Da vida.
Então não posso temer-te, oh pálida e sem gosto.

Hoje resolvo viver enquanto tenho o que não podes ter e nem de outra forma poderias
Nasci,
Vivi,
Mas ainda não morri, vivo.

REGALADO AMOR

Meu amor, 
Encontra-me 
Não perca-me
Prenda-me a ti.

Meu amor, 
Beija-me
Abraça-me
Concedo-me a ti.

Meu amor,
Faça-me
Teu, Seu e Meu
Enquanto estou por aqui

Aperta-me
Não me solte
Até amanhecer.

VIDA EM TELA

E para que servem os teus lábios se os meus lábios não encontram os seus.
Pura e simples ficção moderna de amor,
Onde os beijos em tela, em desenhos que não pintamos
Mostram a vida em cores, e sem o cheiro, sem amores.

Rifa-se o encontro marcado,
Em momentos íntimos distanciados
Pela paixão que não se teve.
Do toque não se sente
Ao passo da experiência descontente.

De que vale a lua, as estrela, o orvalho
De que valem  as margaridas, as rosas vermelhas
De que vale, meu Deus, tanta beleza
Se passamos a ver por telas de umas poucas polegadas

O artista fugiu de nós
A música se tornou acústica demais aos nossos ouvidos
E preferimos os sons mecânicos e sem vida.

Nossas noites sem seresta
Nossas manhãs sem a orquestra 
De pássaros, de gente, de vida.

Então evoluímos 
De seres humanos com toda a disponibilidade 
Para seres mecânicos em nosso mundo digital

SE TEM UMA PEDRA NO SEU CAMINHO, EIS A MINHA SOLUÇÃO

Sempre que leio Drummond eu me pego a pensar: Se havia uma pedra no meio do caminho e no meio do caminho havia uma pedra, o que se pode fazer quando uma pedra esta no meio do caminho da gente?
Pensando e relendo o lindo poema eu descobri uma coisa:
A melhor forma de solucionar o problema, se é que estamos falando de um problemas,  não é retirar a pedra, com sua beleza dura que nos coloca um dilema de continuar a caminhar. Não podemos simplesmente arrancar uma pedra em nosso caminho, pois vejo esta pedra não como uma pedrinha, mas uma Pedra. Algo que nos faz parar e admirar. Algo que nos faz manifestar a nossa condição de pessoas normais numa vida normal. Então qual é a solução? Simples façamos outro caminho.
Quem quiser vencer, ter sucesso ou mesmo ser feliz tem que fazer outro caminho e este caminho não precisa simplesmente anular as pedras, mas respeitá-las. Fazer um novo caminho é desafiador, pois desbravaremos o desconhecido, mas ao mesmo tempo nos dá a primazia de dizer: "eu fiz este meu caminho com as minhas foças".
Não gosto de caminhos prontos, é um tédio olhar a estrada já pronta e sinalizada. A vida não é uma receita minuciosa do bolo da vovó, a vida é o desconhecido humorado das crianças. Gosto disto. Gosto de andar de pés descalços (bom agora não muito, pois quebrei o tornozelo), mas gosto do contato com a terra, mãe natureza de todos nós.
Mas voltemos ao Drummond, ele realmente fez a gente pensa na danada da pedra e ignorar o caminho. No meio do caminho havia uma pedra? será que no meio do caminho havia uma bendita pedra? ou será que a vida esta limitada a apenas aquele caminhozinho que gostamos de percorre a vida toda e que nos torna pobres de crescimento? 
Claro que não quero  destorcer o significado do poema Drumoriando (acabei de invetar uma palavra), mas como o poema é livre e posso ter a impressão que melhor gostar, eu gosto de pensar que o caminho é um caminho chato, preparado e sem cor. E aquela pedra transforma a tediante viagem em uma bela incógnita: o  que fazer diante de tal pedra. Eis a minha solução: Construa outro caminho  que te levará ao destino que você desejar.
Havia uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho havia uma pedra. Que maravilho eu fiz o meu próprio desvio e cheguei  feliz e realizado, pois pedra alguma irá nos parar 

ps. Propositalmente eu misturei a primeira e a terceira pessoa kkk que lambança kkk

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Espartilho Vermelho

Quem te cobre de vermelho, branca e suave pele?
Era vitoriana que modela tua cintura,
Modela para modelar nossos pensamentos
Envolto ao teu corpo, peça que te tal lhe define
Curvas e volumes, toques e sensuais.
Desejo dos que te olham, delírio dos que te tocam

Corset a lá franceis, com sua  beauté d'une femme
Traduz o desejo convidativo de tuas formas
O vermelho em ti em pequenas porções
Oh doce, suave e delgada senhora
Que sonhos me trazem
Meninos se perdem
Homens se arriscam
Seduzidos pelo Espartilho vermelho em pele branca...



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

JARDIM

Imensurável delicadeza.
Em  branco, vermelho, lilás
Refletindo a doçura, o encanto e a majestade do Beijo Pintado.
Salpicado de verde, em folhas e brotos
Plantando em vasos, versos, rimas e prosas...Brotam vida

Plantei três mudinhas.
São Beijos Pintados e grama novinha
Água, somente duas vezes
Alegria nos devolve todos os dias.

Botõezinhos à espera do orvalho d'manhã
Esmeralda ficou verdinha de encanto
E os pássaros, em revoada, desejoso em descanso aos teus pés.
Sacodem as asas e dentam no regalo da tua inocência.

A tardinha, quando o sol te alivia, reluz teu brilho de Beijo
A noitinha dormes ansiosa pela alvorada
De manhã, acordas reluzente e te mostra poderosa
Beijos Pintados em ti, oh Esmeralda.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Instinto

E o que irão dizer das flores e dos anos de nossas vidas?
Os dias caminham a passos muito  rápidos e quase não prestamos a atenção nas flores, nas folhas e nos sonhos. Quase não dá tempo de suspirar pela beleza estendida na grama, coberta pelo sol da manha, cintilando o brilho prateado das gotas do orvalho.
O que dirá nossos cabelos brancos sobre a nossa história?
Dirá que viu o que precisou ver e deixou de ver coisas que viu e não computou em sonhos veraneios.
A vida passa como flores e as flores desabrocham apenas para serem desejadas.

E ao findar deste dia seremos mais velhos ou mais sóbrios?
Seremos mais lúcidos ou mais loucos?
E alguém dirá  ao nosso respeito: este louco viveu sua vida dando sorrisos e gargalhadas  e aprendeu que a vida é apenas uma dádiva concedida por um tempo limitado


ps.:
A vida é sua, faça dela o que quiser fazer.