sexta-feira, 17 de julho de 2020

Vida em dormentes e pedras pelo caminho

Encontro de si mesmo  na estação.
A mesma coisa dita: Adeus.
Que pela fumaça do trem, 
Espalha-se o devaneios.
Que pela forma dos rostos, o desejo de não ir.

Partimos.

A vida passa em dormentes. 
Pedras da vida lançadas pelo caminho. Trilhos, curvas outros lugares...
Caminho de ida e de volta

E voltamos.
Voltamos ao mesmo lugar,
Onde tudo sempre foi Amor.
Nos reencontramos na chegada
para esquecer a partida.

Haverá outras viagens 
Outros dormentes e outras pedras nos trilhos
Haverá curvas  o nascer de uma nova jornada.

Mas sempre o mesmo amor.
Passando em encontros e despedidas. 



quarta-feira, 15 de julho de 2020

Olhos - I

E  aqueles olhos?
A pele macia, branca, aveludada. Desnuda.
Aurora que repousa sobre a cama.
Olhar.

E aqueles olhos?
Viram tantos segredos,
Tantas cenas. 
Pernas e abraços.

E aqueles olhos?
Fechados, pensando, pensando em nós.
Esperando, crendo, firmado.
Sonhos em um só nó.

E aqueles olhos?
Sorrindo, alegres, festejos.
Do olhar de criança. Mulher.
Dorados cabelos no azul do céu.

E aqueles olhos?
Esperança de voltar, ficar e adormecer,
Em meus braços, dados ou envoltos.
Corpo. Alma.

E aqueles olhos?
Espelhos d'alma. Do tempo.

Os olhos não envelhecem os sonhos,
não enrugam as paixões. 
Os olhos não mentem.
Olhos... quantos ainda dizem "vem me buscar"?
Olhos e olhares, quantos ainda me dizem "amor"?

Da íris encantada,
Solícita de prazer.
Do beijo.
Da festa. Da cama.
Das margaridas olhadas com a alma. Alma dos olhos.
Dos copos de leite, testemunhas oculares de tantos olhares,

Da porta do quarto ainda entreaberta.
Das miniaturas na cozinha, 
Do jantar de olhos nos olhos,
Da mesa posta e da cama desarrumada.
Quantos olhos me tem ainda de olhos fechados.

E aqueles olhos, onde estão?
Na cama do inverno
ou na  varanda do verão?

Olhos.... Donzela  aveludada, desnudada, prazerosa.