segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Cartas

Ao menos pudesse entregar-lhe os pensamentos, as fantasias deixadas e os retratos na parede.
Prosa em versos em couché de finos traços a caneta de mão,
Entrego-lhe desejos de noites passadas, exclamadas em palavras românticas
Tudo para deleitar-me com tua vontade.

Embora siga a estrada empoeirada, as macieiras ainda dão seus frutos
E no jardim de acácias vibrantes, respinga o amarelo dos teus olhos.
Á forma de olhar, o senso de beijar e as mãos a abraçar.

És ainda regada a desejos pelos desejos meus?
Ainda danças as valsas em madrugadas enluaradas?
Ou apenas vislumbra do passado, a mais remota lembrança?

Pudesse ao menos dizer-te: amor
Enquanto o caliente sol nos aquece.


Enfim o sinal da tua ida, dos teus acenos ficaram na estação.
O trem que se foi, voltou sem a ternura ta tua presença
E a fumaça, ora vista de longe, deu lugar ao menos aclamado ruido,
Das cordas do violão,
Das folhas secas no chão,
Das eternas e infindáveis noites de solidão,
Da chuva sem estação
Do verso sem a canção

Sons, que sons não tem, não se exprimem
Exasperar ao toque da saudade


As cartas ainda estão endereçadas
"Cartas para um amor distante"