Ando por ruas desertas, procurando o caminho certo que possa me levar a um lugar tranqüilo onde haja sol.
Tenho feito da distância e da impossibilidade prosa e rima. Talvez assim a vida seja menos dura e mais sustentável nos dias frios.
O frio neste lado da cama é assustador. E você onde está?
Somos prisioneiros um do outro e temos o destino como inimigo mortal. Ele não reserva para nossas vidas as coisas que gostamos. Sempre coloca nosso coração na pedra para ser esmagado. E mesmo assim temos que sorrir e tentar viver. Coisa chata é o destino. Coisa mais estranha. Coisa de gente estranha que vive a vida em prol do que ele, o destino, reserva. E onde ficamos? E onde ficam a nossas vontades e os nossos amores?...
Resolvi não adotar o destino como causa fim da minha vida. Eu mesmo sou o determinador dos fatos e das dores. Destino não é de ninguém então não será mais meu aliado ou meu adversário. Torno-me livre para escolher, para amar, para sofrer, para dizer que sou eu quem anda em tua direção e busco teus olhos para dizer aos meus olhos o amor que o destino roubou.
A vida é menos sofrível quando somos agentes ativos. Tanto das nossas conquistas quanto das nossas derrotas. O destino é somente um coitado que não tem seu próprio destino e então quer montar o destino fim das pessoas puras, que amam, que sofrem, que chega ao fim de uma paixão sem saber o que lhes faz sofrer tanto por amar alguém. E ele, o destino, se apresenta com suas ruas sinistras e cheias de curva, sem sinalização de perigo e traga os desavisados que amam sem razão.
Ah! Se o destino deixasse e a gente tomasse nossos próprios destinos nas mãos e colocássemos nele todo nosso vigor, toda a nossa vontade de viver, e de dentro do coração de quem amam emanasse o mais puro amor, sem medo, sem despedida, sem o fim. Seriamos mais felizes e seríamos mais capazes. E a vida tornaria a entrar pelas portas abertas dos olhos. O sol iluminaria a solidão e a dor já não existiria mais. Seríamos belos. Seriamos ótimos. Seríamos nós mesmos. Não haveria mais ruas desertas, noites frias e um contentamento sem estar de fato contente. Não haveria mais o fatalismo dos fracassados ou o abandono dos infelizes. Teríamos nas mãos o poder de traçar nosso próprio caminho. Então não haveria mais lágrimas da perda, somente de alegria. Não haveria mais abraços vazios, somente abraços que tocam a alma e a gente deixaria de ser errante e acharia descanso para nosso braços em abraços sem fim.
Que utopia mais gostosa. Que delícia de pensamento. Eu estaria ai do seu lado lendo este texto e dizendo que eu mesmo tracei o meu caminho até você se somente hoje o destino não houvesse mais.