terça-feira, 11 de setembro de 2018

Oito Minutos

Tenho exatamente oito minutos para escrever um texto.

Em que belas águas flui meu ser. 
Belas e profundas águas
Águas de enorme fonte e inesgotável saber.

Se te escondes de conhecer a beleza do belo
Da trama do novo
Do vento que não vês
Como dirá que há em ti águas do saber?

Em oito minutos que não temos
O que tem-se de fato é o fato de saber
Que em oito minutos se diz muita coisa
Coisas que enaltecem o nosso saber. 

Ainda tenho  quatro minutos
Para discorrer de pequeno saber
Que entre erros da digitação, 
Entre o cacos de mentes
Ainda falta aprender a saber viver

E no final dos minutos que passam 
Passam agora com algum saber
 De quem bebe das águas profundas  do saber
Descobre as fontes de um impressionante vivier

A vida que nos resta, não custa nada aprender
A compartilhar o que se sabe com um saber
Que saber não tem fim em nenhum ser. 
Que conhecimento é pra ser conhecido
Que amor é pra ser doado
Que perdão é pra ser compartilhado
Que a vida é pra se fazer valer a pena 
 E o Sol, a chuva, frio e calor  tornam a vida bela
Que amizade nos torna humanos
Que a humildade supera a honra
Que as pessoas passam mas as ideias ficam
E o que se faz com seu tempo hoje determina seu tempo de amanha. 
E.....

Assim fecho os oito minutos que tive. 
E você o que faz com seus oito minutos de saber?

sábado, 30 de junho de 2018

Embebedamo-nos

Embebedamos nos lençóis da sua cama
Olhando nos seus olhos eu entendo o que  é  paz
O que será que procuramos tanto um no outro que nos tocamos insistentemente.
Será a razão para vivermos?
Será porque não sabemos o que dizer nestas horas?
Olhamo-nos com olhos que desvenda a alma.
Olhar que procura no corpo o que o coração mantém aceso.

Rolamos de um lado para o outro até nos encontrarmos entre braços e abraços

Nos embebedamos da vontade constante de um café. Mero disfarce

Nos embebedamos um do outro num jogo de corpos e desejos
No arrepiar da pele porque o coração já está arrepiado com a nossa presença.

Embebedamo-nos de nós mesmos enquanto o tempo passa do lado de fora do quarto. 

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Correr, Uma superação diária

Os passos buscam os espaços  à frente. Cada passo conta uma vitória e cada vitoria em passos anuncia mais uma superação. Os braços se alternam em movimentos  singulares. E vem o suor e vem a respiração mais forte. Estamos em movimento no rumo certo. Corremos porque queremos vencer a nós mesmos e os nossos limites. Corremos porque somos um misto de loucos e belos.
Há sempre uma curva interminável, mas nos mantemos firmes, afinal somos persistentes e  não cabe desistir  logo agora. A curva se mantém firme e longa. Agora se vencermos esta curva, este moro, estes últimos quilômetros  conseguimos chegar. Creio que todos já pensaram desta forma.
Os passos vão pegando aceleração e chegamos ao ideal. Passa os primeiros quilômetros e estamos  firmes. A pista se torna nosso fiel adversário e vamos vencendo passo a passo, metro a metro, quilômetro a quilômetro...
Olhamos os que desistem e são ultrapassados  por um, por dois, por nós. Desistiram  
E seguimos, afinal o que importa não é chegar somente é mostrar que estamos no controle do nosso corpo e vamos vencer. 
Desistir não faz parte da vida do corredor de rua. Corredores de rua são destemidos, arrojados, loucos eu diria. Corredor de rua não desiste fácil. Sofre dores, sua gotas intermináveis de dedicação para vencer a si mesmo. 
"Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre!" Disse isto para mim mesmo quando fiz a primeira volta da Pampulha em um treino solitário. As pernas estavam trêmulas. Havia dores  intensas por toda parte. Mas eu não poderia desistir faltando quatro míseros quilômetros. E fui repetindo para mim mesmo "Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre". Bora lá, você consegue! E fui passo a passo, quase rastejando. Olhei o final da curva e vi o local  da chegada. Tentei acelerar, as pernas não permitiram tal façanha. E fui repetindo   cada vez mais alto " Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre". Estava igual um louco pela rua a fora. Quando faltava alguns metros eu olhei  com firmeza o ponto inicial. Fixei o olhar e fui correndo dizendo " eu consegui, eu consegui. Oh glória, eu consegui". Nunca vou me esquecer daquele dia.  Não foi somente um treino desafiador. Foi um provar para mim que eu estava curado ( mas isto não tem nada a ver com esta história)  
 O prazer ao chegar  e ver que conseguiu, mesmo que seja se arrastando pelo asfalto é indescritível. Uma sensação de "eu venci".  A medalha não representa uma participação  na prova apenas. A medalha é o atestado de que aquela prova virou uma história para a vida toda. Então quando tiver desanimado a correr, seja porque está cansado, seja porque está frio, com chuva ou outra coisa. Vai lá e pega uma medalha sua. Aquela que foi um sofrimento sem igual e vai sentir a mesma sensação do dia da prova quando cruzou a linha de chegada. Sensação que somente nós, corredores amadores sabemos. 
Aprendi uma coisa com os primeiros vinte quilômetros que fiz em uma corrida. O mais importante não é a largada e nem a chegada. O mais importante é o percurso, pois é nele que se forja uma  pessoa determinada. Um corredor corajoso.
Outa coisa que aprendi, foi que os passos mais importantes não são os da chegada, mas os que  você  dá quando está la no meio da prova e vem aquela sensação de  não vai  conseguir chegar. Ali estão os passos mais importante. O passo  da superação. Porque quando se escuta o som da chegada. Quando vemos as pessoas  na linha de chegada nos incentivando é fácil dar os últimos passos, mas lá no meio da prova os passos solitários são os mais importantes. 
Então para meus amigos e amigas corredores de rua,  me atrevo dar recado, corra mesmo quando o corpo querer parar, afinal é você quem ta no comando. 
Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre. 
Bora Correr. 

Ps. Estou afastado a um mês, mas dia 9 de julho eu volto. Volto com resistência zero, mas vontade a cem por hora. Bora correr !!!


Infinitamente linda

Você é infinitamente linda
Com seus olhos a me olhar
Com seus lábios a me beijar
Com seus braços a me abraçar

Você é infinitamente linda
Você É infinitamente Linda ( enfase no verbo)

E um homem como eu sou privilegiado
Em ter  você ainda que em gostas douradas
Ainda que em pedaços diários de você
Você é infinitamente linda

Olhos, bocas, cheiros, toque.

Ainda estou aqui, o mesmo homem para a mesma mulher
Eu posso te ver em mim quando me vejo em você
E te encontro, bela,  forte e minha.

Infinitamente linda
Infinitamente bela
Infinitamente minha

Ainda sou o mesmo garoto  a contemplar a mesma menina

CAI A NOITE DENTRO DA GENTE

Cai a noite dentro de nós e vem aquela vontade doida, descontrolada de tocar em quem se ama.
A lua dentro do coração anuncia as lembranças doces que vivemos.
A música tocada em sons milimetricamente decorados.
Estendemos o tapete vermelho dentro da saudade  para que venha todas as sensações de amor  que vivemos.
O silêncio que preenche a alma  vem clareado pela lua que insiste em mostrar nossa saudade avassaladora.

Cai a noite dentro da gente...
Quando deitamos na cama  procuramos alguém que não está
É neste momento que percebemos a bagunça que o amor faz.
Há as flores, corações vermelhos, discos antigos.
O orvalho da vontade cai e molha o rosto em pinceladas de gotas salgadas

Hoje   a noite, a noite caiu dentro de mim
Lembranças boas dos beijos que demos,
Do amor que fizemos
A cama desarrumada, o lençol ainda com cheiro de amor
O corpo ainda sente o que já passou dentro da noite da gente.
Segredos confidenciados  de olhos fechados em meio a murmurinhos de prazer

Quando cai a noite dentro da gente, não há como furtar-nos da vontade do outro
Somos meio poetas, meio amantes, meio meninos
E a noite... ah! a noite que temos dentro da gente, ela  um misto de saudade e prazer
De rizadas e lágrimas, de amor e saudade

Cai a noite dentro de mim esta noite inteira. E a lua que brilha me fez lembrar de você.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

True Story - parte final

A vida sempre vem recheada de boas surpresas e eu sempre acreditei que pode haver uma surpresa boa ao final de cada picolé. O que acontece quem nem sempre eles veem premiados. 
A viajem estava ainda em bom e notório desafio. Tentei dormir e não consegui. Afinal havia duas britadeiras a todo vapor. Uma do meu lado e a outra na parte da frente.  Desta forma era quase impossível alguém dormir. 
Sabe quando vem aquela vontade terrível de fazer xixi? Você sabe e aposto que agora lembrou de alguma vez que veio esta vontade terrível de fazer um simples xixi e este simples xixi se torna num pesadelo sem fim. Pois bem deixa continuar a contar a true story mais um pouco.
Eu estava como vontade de fazer xixi. O cara do meu lado, o senhor Trua Storia, dormia e roncava num desenfreado sem fim. Eu fui segurando achando que a próxima parada não demoraria muito e isto foi a minha sina. Passou-se cinco minutos, dez minutos, vinte minutos e eu já não aguentava mais e fui obrigado a cutucar ele pedindo passagem, já que ele ocupava o seu assento Leito, parte do meu assento Leito e parte do corredor. Ele olhou para o meu lado com os olhos ainda cheio de sono e eu pedi passagem já levantando. Deixa te explicar uma coisa. Uma pessoa pequena, magrinha consegue somente virar um pouco das pernas de lado e  você já consegue passar. No caso deste meu companheiro de viajem não. Ele simplesmente é grande em todos os sentidos.  Teve que levantar. Ai que vem o desatino. Ônibus em movimento tudo é mais complicado. Ele foi levantando meio que em câmera lenta. Segurou no assento da frente, tomou força e foi. Não foi. Voltou e caiu sentado. Tentou pela segunda e somente na terceira que conseguiu pegar um arranque e ficou de pé. Neste momento eu passei e me dirigi para o banheiro. Aqui quero deixar registrado uma coisa: Banheiro de ônibus é a coisa mais engraçada do mundo. Uma porta minúscula, que abre e você no aperto não acha nem o apagador nem a tramela para trancar a bendita porta. Ainda tem uma saliência na frente que te obriga a ficar meio inclinado para fazer xixi. Sem falar que o cheiro é horrível e as pessoas que fazem o dois, nunca conseguem botar aquela coisa por água a baixo. Parece isopor.  Você dá descarga e ele roda, roda, finge que vai embora e quando o vazo faz aquele glogloglo glo ele ressurge mais vivo que nunca. Terrível.
Bom eu entrei e não achava a tramela e nem o apagador. A vontade de fazer xixi é sorrateira. Quando você está com vontade e começa a caminhar em direção ao banheiro ela dá uma trégua. Mas quando você chega perto do vazo ela te ataca com toda fúria e  o golpe te deixa zonzo que não consegue desabotoar o cinto. Pois é, entrei no banheiro e tomei o primeiro golpe. Não achava o apagador e fui obrigado a fechar a porta ainda no escuro. Achei a tramela e virei ela no sentido horário com  tudo escuro ainda e  eu apalpando e pensando porque cargas d'água eles não colocam de forma automática a luz. Eu não sabia se procurava o danado do apagador fujão ou soltava o cinto. Minha bexiga estava a ponto de explodir, quando tomei o segundo gole consegui com custo ascender a luz. Neste momento eu já tremia e o baixei o zíper e comecei a fazer o número um. Deixa explicar uma coisa para você que é mulher. Nós homens quando estamos com muita vontade de fazer xixi acontece algo hilário, simplesmente não conseguimos acertar o alvo com facilidade. Parece que o vazo fica a uns quinhentos metros de distância e o primeiro jato nunca, mas nunca mesmo sai em linha reta. Ele sempre faz uma curva  e para corrigir não há treinamento ético que dê jeito.  Agora imagina isto num banheiro minúsculo, com um teto que te obriga a ficar meio inclinado e com o ônibus em movimento. Não dá para esperar a curva acabar, para iniciar a jornada do xixi, isto  porque quando você mira e acha que vai acertar  e é neste momento, que diante de tanta reta que tem a estrada para Brasília que  o danado do ônibus faz uma curva e te prejudica no alcance do objetivo. E a gente não consegue fazer xixi no intermitente, só sai na rajada uma vez iniciado o processo, não dá para parar. Imagina na curva. Infelizmente tive que fazer  esta referencia para que as mulheres tenha piedade ao pedirem para acertar o alvo quando estivermos desesperados, com a bexiga explodido. 
Voltemos ao banheiro. Aliviei  de forma prazerosa. O alívio é indescritível. Mas  quando você abre a porta do banheiro todo mundo dá uma olhadinha para trás, talvez pensando que o fedor do banheiro é advindo de sua estadia lá. 
Bom depois do meu desafio no banheiro era hora de voltar para o assento Leito.  Caminhei de cabeça erguida diante dos poucos passageiros que não estavam dormindo. Para minha surpresa o Trua Storia estava acordado. Ele levantou e eu me sentei. A primeira coisa que ele me disse foi - Banheiro fedorento, né. Eu disse que sim.  Ao que ele respondeu: Eu só uso os da parada, é mais limpo e não balança muito. Tive que concordar. Dito isto o ônibus parou. 
Aproveitei para descer e tomar um café antes de retornarmos para a última leva da viagem.  Entrei na lanchonete e uma garçonete, nem sei se usa ainda este termo, veio e eu pedi um café com leite. Perguntei se poderia colocar um pouco de leite frio. Ela não respondeu. Sabe eu fico pensando que as pessoas deveriam gostar do que fazem, porque quando gostam, fazem melhor. A moça trouxe o café com leite frio. Eu sendo cortês e educado, disse que era só um pouco. A mulher me olhou e falou assim. O senhor disse para colocar leite frio e eu coloquei. Para não criar mais transtorno, afinal estava quase chegando ao meu destino, peguei o leite com café frio e tentei tomar, mas a mulher não parava de falar que ela tinha entendido certo. Deixei o café com leite no balcão para não deixar na cara dela, entrei no ônibus e logo em seguida veio o Trua e a Cheirinho de Barata juntamente com a menina sonolenta. 
O ônibus começou a sua marcha rumo à Brasília. Meia hora se passou e ouvi um chuarrrrr. Olhei para a frente e a menina tinha vomitado. Olha vou encurtar esta história de horrores.  Fui até Brasília com os pés levantados porque ora  aquela coisa  descia, ora ela subia trazendo aquele cheiro terrível. 
Chegamos em Brasília por volta das oito da manhã de um dia quente. Meu filho estava lá sorrindo e eu morto, depois de horas sofrendo. 
Ele perguntou: E ai velhinho como foi a viagem? Eu não tive nem ânimo de responder, só acenei a cabeça, entrei no carro e pensei: Volto de avião, volto de avião. 

Uma semana depois, estava em embarcando um voo Brasília - Belo Horizonte, livre do maldito "leito", longe de todo aquele sofrimento.  Entrei, sentei na poltrona, de forma tranquila. O ar condicionado ligado, Aeromoça linda. Quarenta minutos em BH. Tudo perfeito. Passageiros se acomodando nos seus lugares e sem essa de trocar de lugar com ninguém. Ai que maravilha. Foi só pensar e quem eu vejo embarcando o Trua Storia, mas esta é outra true story. 

Fim


quarta-feira, 20 de junho de 2018

True Story


Esta poderia ser uma daquelas histórias que escutamos no final de noite, quando não há mais nada a dizer. Poderia ser sim, mas não é. Esta é uma história. True Story.

E lá estava eu, sentado, quieto, aguardando o ônibus iniciar sua partida. Seria uma viajem de aproximadamente doze horas entre Belo Horizonte a Brasilia. Iria visitar meu filho, um lindo filho, diga-se de passagem, que mora naquela cidade seca, de grandes avenidas e muitos shoppings. Gosto mesmo são dos parques de lá, onde posso correr sem a preocupação de trombar com uma capivara ou uma nuvem preta de mosquitos, do qual eu já engoli um. Bom acho que era mosquito, mas isto é outra true story.  Como eu estava dizendo, estava sentado e entrou uma senhora gorda com uma criança. Ela veio em minha direção com aquele olhar de quem vai te pedir algo. Veio cadeira por cadeira. A cada cadeira que passava eu pensava: Senta aí, vai. A mulher passava pelos assentos e aproximava de mim. Eu numa agonia sem fim, afinal seria uma mulher gorda e uma criança durante doze horas de estrada. Ela com certeza iria abrir aqueles sacos de Doritos que tem cheiro de barata e com certeza iria esparramar aquilo para todo lado a viagem inteira.  Ela foi chegando e chegou. 
O ônibus era tipo leito. Aliás fica aqui registrado que eu não sei o que significa a palavra "leito" para os fabricantes de ônibus. Porque quando anunciam dizem LEITO e aí você pensa, nossa deve se uma cama king sizer hiper mega super plus macia e grande, com espaços para as pernas, braços, bunda e toda sorte de gordura que você por ventura tenha. Mas aí, quando você entra no bendito ônibus tem uma cama de solteiro, daquelas que usavam antigamente, uma de dobrar. Lembra? Então é assim o tal do leito. Não tem onde colocar os braços, as pernas. Com meia hora a bunda começa a queimar, as costas começam a ficar dormentes. A cabeça não tem sossego. Vira para um lado. Vira para o outro e o que acontece é uma dor terrível no pescoço. Mas afinal você comprou uma passagem Leito e se com Leito é assim, pensa sem leito. Meu Deus, melhor voltar para a mulher. 
Ela chegou perto de mim, com um olhar angelical, quase meio que Garfield. Parece que neste momento uma música toca nos ouvidos da gente e aí se perde o senso da razão. Ela disse: moço, o senhor se incomodaria de trocar de lugar com a minha filha. Ela está no banco de trás e eu neste. Eu, neste momento áureo de singeleza garfieldiana, imaginei que estava salvo de ser amarrotado por doze horas no espaço do meu "confortável” Leito. Claro que sim, respondi. 
Olha, confesso que ajudei a colocar a bagagem de mão naquele lugar acima do assento. E por falar em bagagem de mão. O que é uma bagagem de mão? Com a nova ordem de economia das empresas de transportes a bagagem de mão foi diminuindo, diminuindo e hoje é bagagem de uma mão. Vou explicar: tudo que você puder carregar com uma mão só e couber numa maleta, é uma bagagem de uma mão. Assim sua bagagem de mão só cabe coisas supérfluas. Pois bem, eu troquei de lugar com a mulher e fui para o assento de trás. Bom para todos, iniciamos a viagem. 
Estava eu dormindo quando senti o ônibus parar. Olhei tentando identificar o local onde estávamos. Aproveitei para sondar o banco da frente e confirmar que eu havia me dado bem, pois o assento do meu lado estava vazio. Era eu e o meu assento Leito e do lado outro assento Leito. Maravilha. Olhei para o banco da frente e a mulher estava mastigando aquele salgadinho com cheiro de barata. Confesso que esbocei um sorriso de satisfação. 
Alegria de pobre dura pouco e descobri isto quando olhei e veio um cara gigantesco. Imediatamente olhei para ver se havia outro assento vazio além do meu. Não havia. Ele veio e sentou como se tivesse afundado a poltrona no chão. Cumprimentou-me com educação e uma voz fina, meio que pigarreada. Ele tinha um cheiro fétido de enxofre. Acho que devido ao suor de dias, meses, anos, décadas impregnado nas roupas. Saudade me deu do cheiro da barata.
Bom bora lá terminar a primeira parte desta true story.
A primeira coisa que ele fez, adivinha? Ele enfiou a mão num bolsa e tirou um saco de supermercado cheio de pipocas, destas feitas em casa que fica um terço de piruás no fundo. Começou a mastigar aquilo num "cruenk, cruenk". Mastiga de um lado da boca, depois joga para o outro lado e chuta no meio da goela. 
Eu meio sem jeito virei para o canto da janela, pois o ônibus estava já em movimento e ele disse assim: 
- Você sabe o que significa "trua istória"?  Disse isto com a boca cheia de pipoca mastigada. Disse que não. E ele insistiu: você não sabe?  "trua istória" é quando você assiste um "filmi" que é a "istória" é verdade. 
Agora pensa comigo. Como iria corrigir um estranho. Como não teve outro jeito, tive que fazer aquela correção imperceptível - ah sim! True Story. Claro que sei. Para que eu disse isto. O cara começou a contar o filme que ele tinha assistido, e com detalhes. Agora imagina eu, sentado no canto de um assento Leito com um cara que a bunda ultrapassava o assento. De um lado me espremia, do outro ocupava metade do corredor. Para potencializar minha desaventurança, havia o cheiro de barata do salgadinho que a mulher do banco da frente comia, juntado a isto, o cheiro de enxofre do cara do meu lado. Aliado ao meu infortúnio   o "cruenk, cruenk" das mordidas da pipoca. E ele ainda contava a sua "trua istória" com a boca cheia de piruá quebrado. 
Viajem seguiu e ele não parava de fala. Acho que o filme tinha dez temporadas, não era possível. Neste momento as pipocas haviam acabado e eu me alegrava porque nem cheiro de barata e som de pipoca havia. Por fim, depois de umas duas horas ou mais ele terminou o filme repetindo que era uma "trua istória”.
Houve um silêncio, pois já era umas duas da manhã e o que se ouvia era apenas o ronco do motor e o frisar dos pneus no asfalto. Dormi.
Rooookkkk, hruuummmm. Estes sons vieram aos meus ouvidos como uma bomba atômica. Acordei assustado. O meu companheiro de viajem estava esparramado no pequeno assento Leito. Barriga para o teto, boca aberta e um sofregar respiratório que nunca vi na vida. Mas o incrível que ao inspirar ele fazia hrummmm e ao expirar Roooook. Mas neste meio tempo entre o descanso de uma expiração e inspiração ouvia-se outro som como de um carro com motor a diesel. Olhei, para o Trua Istória e percebi que não era ele. Quando levantei um pouco vi a Cheirinho de Barata sentada e com o corpo tombado para a janela. Ela roncava com tanta força que acho que o vidro tremia. 
Eu estava encolhido num cantinho do assento Leito e estiquei o braço para tentar pegar o celular no bolso da frente da calça. Era tanto aperto que não conseguia me mexer direito. Fui empurrando o celular bolso acima, porque não dava para enfiar a mão para apanhá-lo. Pronto, depois de muito esforço e suor, consegui pegar o celular. Horas? Quatro e quinze. Ainda faltava muito chão para chegar em Brasilia e sobrava sofrimento daqueles dois. Trua Stória e Cheirinho de Barata não dava tréguas.

Continua….


terça-feira, 19 de junho de 2018

Sou o Amor

Quero apenas ser noite, sem me preocupar se será enluarada ou não. Será que a beleza está na lua ou na noite? A lua é o tela ou a moldura?
Quero penas ser o dia, sem me preocupar se vai ser ensolarado ou não. Será  que a beleza está no sol ou no dia? O sol é a tela ou moldura?
Caso haja chuva, caso haja sol, lua... enquanto houver vida, enquanto houver vida.  Vou estar lá
Eu quero ser apenas ser... Vivo 
Eu quero ser apenas ser... visto
Eu quero ser apenas ser... sentido

Sou flor que foi dada a amada
Sou lábio que beijos receberam
Sou o braço que foi dado 
Sou a água que percorreu o seu corpo
Sou a palavra amada 
Sou  a noite, o dia, o sol e a lua.
Sou o verso de despedida, de chegada e de partida
Sou a declaração no altar da vida
Sou o que te faz sorri e chorar
Sou o que te faz sentir-se vivo
Sou o Amor. 

O Belo da beleza escondida no rodar da saia na beira da roda
E pula a corda, pula dia, pula tempo

Amor que habita o simples 
Amor que habita o culto
Amor que é belo sem luar
Amor que é simples com todos os astros

Amor de música eu sou 

Quero ser complexo enquanto eu for simples ... amor 
Quero ser dialético em seu viver
Um contraponto 
Um contra senso
Um amor essencialmente puro  
Um amor essencialmente simples

Quero ser apenas noite. A lua, a lua é apenas um detalhe, porque existe noite sem lua e ainda assim a noite pode ser bela, mas se houver lua sem noite a lua está sozinha. 
Assim é o amor. 
 


quarta-feira, 23 de maio de 2018

Mania chata de observar detalhes

Olá!
Dito isto, olhando-a nos olhos negros, grandes e vivos olhos.
Eu poderia, e acho até que conseguiria, descrever detalhes da íris dos olhos da minha "personagem", mas não quero, aqui, limitar-me a falar somente dos olho, mas dos traços daquela mulher. 
Eu tenho uma mania que as vezes me incomoda bastante que é fixar a atenção em determinada coisa e isto as vezes é constrangedor, visto que não consigo,  por mais que eu tente, parar de observar. 
Eu estava em pé esperando a minha vez de ser atendido pela médica. Uma dermatologista que eu havia marcado consulta a uns quinze a vinte dias. Estava na sala de espera e de repente a porta se abre, uma figura feminina de cabelos pretos, um metro e setenta de altura,  olhos grandes e bem negros. Ela tinha uma pele branca como neve, lábios bem vermelhos. Chamou-me com uma voz normal. Entrei e sentei numa cadeira de frente a mesa  e ela do outro lado me fez perguntas sobre as pintas que eu estava preocupado. Foi ai que começou o martírio, não consegui parar de olhar para os detalhes incomuns daquele rosto. Seus olhos era de um preto lindo, a curva que eles faziam no juntar das pálpebras era lindos. Olhos vivos e de uma ternura aveludada. Ela continuava a dar explicações e eu ali sentado, não conseguia parar de observar os detalhes daquele rosto. Sua boca tinha contornos macios como uma estrada bem pavimentada, daquelas que dá gosto de dirigir. O vermelho era de uma intensidade que não precisava recorre a um batom para salientar a beleza. 
O senhor gostaria de.... não ouvir o restante do que disse, quando percebi os fios de cabelo caindo sobre a sua testa. Como eram negros e lisos. Um contraste com aquela pele branca  de neve, coberta com um destes produtos que mulheres usam, e usam mesmo as dermatologistas que não descuida da sua pele de uva.  
Ela levantou e veio em minha direção e com um objeto que parece uma lupa com luz ao redor para observar a tal pinta. O efeito foi exatamente surpreendente, pois pude observar as cavidades do olhos, como montanhas imersas no mar.  Seu rosto, de um veludo dava gosto de olhar. O queixo, com contorno simétrico, dava a pitada de perfeição. 
Usava um bom perfume e tinha as unhas sem nenhum esmalte, talvez uma base, nada mais. 
Ela sorriu e disse alguma coisa que eu também não prestei atenção. 
Talvez, você leitor, pode estar pensando que eu estava paquerando, se é que se usa esta palavra ainda hoje em dia, a  médica. Na verdade não passou isto pela minha cabeça,  mas não consegui parar de olhar aquele rosto com as qualidades que fazem a gente se acalmar. 
Ela escreveu algo no papel e me deu.  Foi quando não aguentei e soltei uma frase que eu só estava pensando, mas de tanto pensar ela saltou do cérebro para a boca num estalar de dedos e eu acabei falando:
- Você tem olhos mais lindos que já vi!
Quase pus a mão na boca para segurar as palavras. Tentei morder a língua para prender tal asneira dentro da boca, nada disto adiantou, a frase saiu sorrateiramente e atingiu os ouvidos daquela médica numa fração de segundos. Que imbecilidade, pensei. 
Ela olho para mim, num daqueles sustos de quem não está acreditando e  ao mesmo tempo  sem saber se gostou ou não. Sorriu um sorriso meio que ingênuo de criança pega em uma travessura e respondeu um obrigado singelo e amanteigado. 
Quando percebi que havia dito, acho que até a pinta, pelo qual fui a consulta me repreendeu. Logo pedi desculpas pela petulância de invadir aqueles olhos com as minhas manias de detalhes, ao que ela manejou a cabeça e disse um  "tudo bem, não é todos os dias que recebo elogio dos olhos". Confesso que quase pedi para ver de perto os olhos da médica. 
Desculpei-me novamente, explicando esta mania que tenho  de ficar obstinado em olhar coisas que me chamam atenção sem conseguir desviar o foco. Ela,  e meio sem jeito, tentou ser discreta e elegante. 
Saindo do consultório dei conta de que não sei nada sobre a consulta, se a pinta é benigna, maligna ou uma fanfarrona que fica me repreendendo em minhas neuras detalhistas. Mas confesso que sei mais do rosto daquela medica do que ela mesmo. Vi pintas, pelos, lábios, queixo, cabelos pretos. Vi um anel no dedo, com uma pedra azulada. Suas unhas condenava  que havia ido a uma manicure no dia anterior. Havia um rabisco de caneta no dedo médio, o que mostra que estava trabalhando a mais de horas ali. Vi em cima da mesa, perto da bolsa, um prendedor de cabelos feito de madeira. havia alguns fios nele. Uma foto  dela de férias, acho que no Chile, pois havia cores da bandeira chilena em um porta canetas. Vi muitas coisas. Detalhes
Talvez você possa está se perguntando porque escrever sobre isto. Simples, há manias que a gente vive com elas, pois elas nos definem como seres ontológicos. 
A proposito, ela mandou que eu retornasse depois que tiver usado um creme para evitar o descamar da pele. Não sei se vou ter coragem, mas isto só saberão em outro texto. 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Boca , corpo

Bela, que mais belos e esbeltos são os teus lábios
Que seda te cobres a pele 
E em pelos desnudos da tua carne.

Curvas dengosas percorre minhas mãos
Toques envelopados de flores cheirosas
E arrepias quando te tocas nas dobras finais.

Há um gosto de mel em teus seios
Doce escorregar pelo teu corpo, lábios meus
E tocar na tua fonte, sonhos de todo amor

Te viras esconde-me teu rosto, revela tuas curvas
Seduz os meus olhos e arrisco-me pelas onduladas pernas
Beijo a gota mais fina do seu mel.
E me repouso saciado no teu céu.


Teu é o corpo, minha é a boca
Percorre caminhos, curva, esconderijos
Teu é o fogo, meu é a vontade
Boca que te consome, corpo
Corpo, Bela, esbelto e triunfante
Boca, corpo, Teu corpo. Minha boca
A percorrer todo seu corpo.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Orvalho

Passemos ao outro lado. 

Quem te percebeu solitária e fria?
Quem te conheceu pela manhã?
Quem te tocou e arrancou a tua vida?

Foi a lua quem te fez brilhar?
Foi o sol quem te fez secar?

Escorrestes quando ninguém percebeu?
Tocaste o solo ainda frio e inundaste a ceiva da vida ?

Orvalho....
 
 De onde vieste?
Como  caístes sem que ninguém percebas?

Não fizemos alarde da tua presença
Não dizemos sobre a tua beleza
Não paramos debaixo de ti

Orvalho....

Orvalho....

Orvalho....

 

terça-feira, 8 de maio de 2018

Vira vida

Vira vida, vira e volta
Vira moda, vida vira
Vira estrada, vira poeira
Vira vida, vira vida

Vai e vem
Chega e vai
Vira moda, vida vira
Vira partida e vira chegada

Vira a vida
Vira, vira
A moda da vida
A moda da ida

De mala em mãos
Vira a vida
Vira vira, vira vida
pagina vivida.

E a vida tange na canção do tempo
Cabelos brancos, marcas do tempo
Rugas infinitas, marcas da vida
Que vida virou a despedida

Vira vida, vira moda
Vira jeito de ser vivida
A vida que chama,
Chama que queima
o belo dia, que vira a vida

E passa o tempo
Passa o caminho
da vida que vira
vida vivida

E a vida passa por baixo da ponte
Rio de vida, que vira a vida
Retrato do novo, do velho vivido
A moça manhosa, o riso da vida
O jovem sozinho, se vê pela vida
Amores que chegam  na vira da vida.

Vira vida, vira vira
Canta o vira da vida que gira
Canta o sol, canta a vida

Que dia que vem, vem nova a vida....



Ps. Particularmente, gostei deste texto. Meio moleque, meio nostálgico, meio a meio. Gostei dos encaixes das palavras e acho que bati o recorde de escreve-lo em menos de 4 minutos. Pode não ser o melhor texto, pode até parecer meio infantil,  mas gostei. Palavras saltaram aos olhos.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Caminhando, cantando, sorrindo, correndo, pulando e aprendendo a ser gente.
Correnteza que leva as folhas, banham as pernas. Sacia a sede
Correr de menino que atravessa a rua atrás da pipa.
Correr sem preocupação.

E banhar-se de vida
E levantar demanhazinha com o sol ainda vermelho e o vento ainda virgem.
E ser apenas o que quiser ser.

Brincadeira de pular a vida, o mundo, o universo, apenas com a imaginação.
Somos heróis, mocinho ou não.
Voar além do sonho de Ícaro e chegar no sol
Quem tem borboleta, aviazinho de papel. Quem tem bola, de gude, de meia, de couro.

Caminhado se vai longe ou ate do outro lado do rio
Somos piratas de oceanos imaginários e barcos  de papel
Pedra que virou rima
Rua que virou céu.

Pega menino, correr pular
O dia tem prazo e anoite luar
Bora pra casa
Bora entrar
Jantar, dormir, sonhar, e novamente levantar.

domingo, 22 de abril de 2018

INOCÊNCIA

E lá vou eu de novo....

Amanheceu, peguei  bolsa verde feita de lona de caminhão. A bolsa estava com alguns cadernos.  
Atravessei a rua correndo e com a bolsa a tira color, fui direto para um descampado do outro lado. 
Havia muitas margaridas, cravos em flor. Havia borboletas amarelas pousando sobre as pétalas brancas das margaridas que se abriam numa singeleza de coração. O sol, de uma amarelo âmbar, penetrava as folhas verdes da relva macia. Os pássaros, na maior algazarra, fervilhavam na árvore mais adiante. 
Olhei tudo, como se procurasse algo. Varri com os olhos todo o espaço. Ao longe  pude observar os laços vermelhos, cada um do seu lado, a prender o cabelos de Isabel. O vestido amarelo de roda, me fez delirar. Em meio ao nascer do sol e o verde do campo, ela sorria ao me ver chegar. Não tínhamos mais que doze ou treze anos, mas ali já era amor jurado, escondido. Eramos quase namorados. 
Corri em sua direção e quando nos encontramos no meio do descampado eu consegui arrancar uma das margaridas que ali desabrochava e lhe dei. Ela sorriu e pegou o presente. 
Olhei mais ao longe, e chagaram o resto dos meninos. Era hora de irmos para a escola....

PARA BRINCAR DE LEMBRAR

Corre pela rua, pé descalço no chão, sem camisa, sem destino.
Pula cerca, joga bola. Bolinha de gude, bola de meia, bola que rola.
Sobe no pé, arranca a  manga. Fruta madura, escorre na roupa.
Semente cuspida , Jaboticaba madura
Chuva que cai,
Jogos na rua.

Amarelinha tem seu céu, entre as linhas sem pincel
Bananeira quem sabe plantar?
Pula a cerca. Pula corda. Pula, pula sem pular
Cinco da tarde, todos na rua, é sexta-feira dia de vagar
Corre molecada, pegador de esconder.
Conto a até cem   e deixo correr... os dias, os meses, os anos...

Cai no chão, na água, no poço. Espera o beijo e não no rosto.
Passa o anel. Nunca entendi
Pipoca, crush, pirulito campeão, bala chita, chiclet ploc.
Maria mole, Marta Rocha, Mirabel... ou...
Goiaba madura, com bicho ou de vez
Isto não importa, agora é a minha vez

Cantiga de roda que nunca se vai
Brincando. Mãe chama e chama e chama....
É hora de ir pra casa.
Banho quentinho, jantar delicioso.
O sono já veio
Amanhã... Amanhã é sábado... Oba!! Tudo de novo.

PRA GOSTAR DE BRINCAR COM PALAVRAS

Hoje resolvi tentar escrever e confesso que não está sendo fácil. As palavras fugiram da mente e o que sobra não se monta um texto sequer. Juntar restos de palavras pode parecer estranho, mas é exatamente isto que vou ter que fazer. Juntar o resto das palavras e tentar montar um texto digno de ser lido. Estas palavras serão o centro das ideias e delas se faz o texto 


Da palavra "vaidade", sobrou-me apenas "idade".
Da palavra "antepassado", sobro-me apenas "passado". "Ante"  não quis esperar.
Da palavra "puramente" tive que dividir  " pura " e " mente"
Da palavra " Relembrar" dividir também. "re" e "lembrar"
E por fim o que ainda tenho é a palavra "tempo"

Então bora montar texto com isto ai!!

Eu não sabia que com o "tempo" a "idade" deixa suas marcas.
E nestas marcas o "passado", torna-se mais  saudoso
A "mente", mais "pura", buscar "re"-"lembrar"  da vida que passou por nós.
O velho tênis sujo. Aquela pipoca de arroz. Aquele beijo, daquele "tempo" é o melhor beijos de todos os "tempo"s.
"Re" - "nasce" que não morre e a vida segue mais "pura" e mais leve.
Palavras são idéias e lembranças são a forma mais barata de voltar ao "passado" e extrair dele motivação para achar alegria na vida.

Re- lembrar  O...
Passado puro... Do
Tempo que...
A mente... Não deixa..
A idade de lado.






domingo, 14 de janeiro de 2018

Texto Sem palavras

Não tenho um texto hoje 
Não há palavras disponíveis. 
A rima acabou. 
As ideias, antes abundantes, hoje são escassas  e pálidas
Inspiração? Não sei onde está
Pulou em cima de mim toda a falta do que falar
Nada além de pensamentos vagos, distantes e sem razão. 
Não poderei falar de mágoas, amores e passado. 
Não poderei demorar neste papel branco sem pauta que paute as palavras da vida
Sem palavras e sem ideias, observo a noite cair
A mesa fica grande demais e o silêncio entra pela janela aberta
Vai na alma sem palavras e sem cor. 
O silêncio cai pelo corpo imóvel do escritor 
Em suas mãos não há mais poder de condensar as ilusões feita em frase arrumadas
Está tudo parado. O vento parou. 
Não tenho um texto de palavras, mas de falta de palavras
Falta de texto é este texto. Falta de sensação que falta  na vida de hoje. 
E encerro o texto que não é texto. Pretexto para escrever um texto. 
Encerro e fecho a porta da afinação, dos tons, das cores, dos versos
Encerro sem ter dito nada além que me falta palavras

Falta palavras
Palavas faltosas
Falta de versos
Falta de provas.

Palavras sem palavras
Palavra que faltava
Palavras e mais palavras
O que mais me falta
A falta das palavras

E o texto de meias palavras basta, visto que não há correção necessária  para um texto que não é texto. 
Ele existe? 
Texto sem palavras com mais de  cem.  Sem palavras.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O Beijo

Sempre me pego, talvez devido a formação acadêmica, ou quem sabe devido a uma curiosidade perpétua, de olhar a etimologia das palavras, sua origem e aplicação mundo a fora. 
Hoje como não poderia ser diferente quero compartilhar o "Beijo" . Não um beijo dado. Nem o beijo prometido. Muito menos o beijo roubado, até porque não se rouba o que lhe pertence. Mas hoje gostaria de falar do "Beijo", seu significado e sua definição. E para isto um texto do "Beijo" merece ser produzido. Bora começar. 

No ato ou efeito de tocar de leve seus lábios com meus lábios. Roçar a pele mais fina e ter suave contato, transforma nossas emoções. Uma vontade. Beijar. O possuir um pedaço de significado do outro. 
Suavis é o bom, agradável toque do beijo dado. Bom e agradável sentir o cheiro e tocar os lábios.
O beijo é simbolo de afeto, desejo e ternura. O beijo sela a amizade, o namoro, a proteção. O beijo em palavras tem sabor de beijo de um pretérito-mais-que perfeito Eu a beijara sob a luz do amor de maio, nisto não há imperfeição. 
Beijo com o Osculum a tua face amiga e abraço teus braços de proteção. Osculum é o beijo amistoso de amigos e eternos amigos. Mas se o amigo torna-ser mais-que-perfeito-amigo, quero um basium apaixonado, tocando a sua boca com a minha boca. E os braços  envolve-nos. Teu corpo pertence ao meu corpo e o "beijo" basium se torna desejo de um amor apaixonado, ou como diria os mais aprimorados na arte do amor " um beijo de um amor  heros que busca a sensualidade. O erótico jeito de amar. Daí para um beijo de língua foi um pulo e para o sexo outro pulinho. Beijo no corpo. Parte mais íntima, que reservamos ao nosso bem-querer-mais-que- querer. Beijo que arrepia a pele, levanta os pelos em plena volúpia. Sentidos aguçados, recebendo dos lábios os dizeres do amor em prazer.
E para finalizar o "Beijo" beijo Suavium com amor e ternura para buscar os beijos dados, pensados e nunca roubados, mas conquistados.
Para você que acha que beijo é tudo igual, vai uma dica: "O Beijo" está de acordo com sua intenção. Osculum, Basium, Suavium  são beijos repleto de intenção. "O Beijo" não é o toque de lábios, mas o toque de coração. 
Beije mais, mas com mais intenção. 
Até a próxima..