quarta-feira, 27 de junho de 2018

Correr, Uma superação diária

Os passos buscam os espaços  à frente. Cada passo conta uma vitória e cada vitoria em passos anuncia mais uma superação. Os braços se alternam em movimentos  singulares. E vem o suor e vem a respiração mais forte. Estamos em movimento no rumo certo. Corremos porque queremos vencer a nós mesmos e os nossos limites. Corremos porque somos um misto de loucos e belos.
Há sempre uma curva interminável, mas nos mantemos firmes, afinal somos persistentes e  não cabe desistir  logo agora. A curva se mantém firme e longa. Agora se vencermos esta curva, este moro, estes últimos quilômetros  conseguimos chegar. Creio que todos já pensaram desta forma.
Os passos vão pegando aceleração e chegamos ao ideal. Passa os primeiros quilômetros e estamos  firmes. A pista se torna nosso fiel adversário e vamos vencendo passo a passo, metro a metro, quilômetro a quilômetro...
Olhamos os que desistem e são ultrapassados  por um, por dois, por nós. Desistiram  
E seguimos, afinal o que importa não é chegar somente é mostrar que estamos no controle do nosso corpo e vamos vencer. 
Desistir não faz parte da vida do corredor de rua. Corredores de rua são destemidos, arrojados, loucos eu diria. Corredor de rua não desiste fácil. Sofre dores, sua gotas intermináveis de dedicação para vencer a si mesmo. 
"Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre!" Disse isto para mim mesmo quando fiz a primeira volta da Pampulha em um treino solitário. As pernas estavam trêmulas. Havia dores  intensas por toda parte. Mas eu não poderia desistir faltando quatro míseros quilômetros. E fui repetindo para mim mesmo "Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre". Bora lá, você consegue! E fui passo a passo, quase rastejando. Olhei o final da curva e vi o local  da chegada. Tentei acelerar, as pernas não permitiram tal façanha. E fui repetindo   cada vez mais alto " Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre". Estava igual um louco pela rua a fora. Quando faltava alguns metros eu olhei  com firmeza o ponto inicial. Fixei o olhar e fui correndo dizendo " eu consegui, eu consegui. Oh glória, eu consegui". Nunca vou me esquecer daquele dia.  Não foi somente um treino desafiador. Foi um provar para mim que eu estava curado ( mas isto não tem nada a ver com esta história)  
 O prazer ao chegar  e ver que conseguiu, mesmo que seja se arrastando pelo asfalto é indescritível. Uma sensação de "eu venci".  A medalha não representa uma participação  na prova apenas. A medalha é o atestado de que aquela prova virou uma história para a vida toda. Então quando tiver desanimado a correr, seja porque está cansado, seja porque está frio, com chuva ou outra coisa. Vai lá e pega uma medalha sua. Aquela que foi um sofrimento sem igual e vai sentir a mesma sensação do dia da prova quando cruzou a linha de chegada. Sensação que somente nós, corredores amadores sabemos. 
Aprendi uma coisa com os primeiros vinte quilômetros que fiz em uma corrida. O mais importante não é a largada e nem a chegada. O mais importante é o percurso, pois é nele que se forja uma  pessoa determinada. Um corredor corajoso.
Outa coisa que aprendi, foi que os passos mais importantes não são os da chegada, mas os que  você  dá quando está la no meio da prova e vem aquela sensação de  não vai  conseguir chegar. Ali estão os passos mais importante. O passo  da superação. Porque quando se escuta o som da chegada. Quando vemos as pessoas  na linha de chegada nos incentivando é fácil dar os últimos passos, mas lá no meio da prova os passos solitários são os mais importantes. 
Então para meus amigos e amigas corredores de rua,  me atrevo dar recado, corra mesmo quando o corpo querer parar, afinal é você quem ta no comando. 
Sofrimento é passageiro, desistir é para sempre. 
Bora Correr. 

Ps. Estou afastado a um mês, mas dia 9 de julho eu volto. Volto com resistência zero, mas vontade a cem por hora. Bora correr !!!


Um comentário:

Anônimo disse...

PS: voltará disputando corridas com lesma com disfunção muscular ou com tartaruga manca usando bengala (kkkkkkkkk)?!?!

Amei esse texto do início ao fim.
Você colocou em palavras tudo o que eu nunca soube dizer (mas pensava).

"Corredor de rua não desiste fácil." Realmente, só jogamos a toalha quando já ultrapassamos todos os limites que achávamos que nunca íamos ultrapassar.

"A medalha não representa uma participação na prova apenas. A medalha é o atestado de que aquela prova virou uma história para a vida toda." Exatamente por isso que amo tanto as minhas medalhas.
Tenho amiga que não se desfaz das blusas das provas (confesso que passo todas para frente).
E me arrependi de ter jogado fora todos os número de peito do ano passado, pois só no final de dezembro foi que vi um quadro com esse números. estou guardando todos os desse ano para fazer o mesmo.

"O mais importante não é a largada e nem a chegada. O mais importante é o percurso, pois é nele que se forja uma pessoa determinada."
Verdade! Na largada há toda a euforia, todo o empurra empurra e você vai no embalo. No final, embora esteja morto, sempre há uma palavra de incentivo que te faz terminar (nem que seja caminhando, como foi o meu caso na última prova, porém escutei um "jamais se pode caminhar na chegada" de um dos meus treinadores, que me fez voltar à realidade e correr os últimos passos).
Agora, no percurso em si é você com você. E é ai que nos diferenciamos.