sábado, 7 de janeiro de 2012

MARCAS



Marcas
Há acontecimentos que irão deixar suas marcas em nós pelo resto da vida. Algumas coisas que deveriam ter um fim normal, sem nenhum resquício de lembrança, acabam virando páginas marcadas que sempre somos tentados a reler.
Não sei se a vida é bela o bastante ou simples demais para que apenas possamos vivê-la.
Quando estamos a sós com a gente e apenas uma caneca de chá nos faz companhia nas madrugadas chuvosas é que as intenções de relembrar as marcas deixadas por alguém em nossas vidas tornam-se visivelmente perturbadora. Até tentamos não valorizar, mas somos vencidos pelas lembranças deixadas nas gavetas da memória.
As flores com o tempo sempre murcham. A brisa vira um vento forte e acaba levando nossos sonhos embora e as marcas ficam para contar a história que se foi.
Crescemos com o passar do tempo e aprendemos que as recordações são tão importantes quanto o presente. Nada substitui as marcas. Marcas boas ou não.
Escrever sobre marcas deixadas por pessoas em minha vida, sempre foi normal.
Já tive pessoas que deixaram suas marcas e foram marcadas por mim também.
Já tive outras marcas que resolvi tentar apagar e outras que sempre gostei de realçar.
O difícil mesmo é saber se vale a pena ser marcado ou marcar alguém. De qualquer forma a vida é assim. Um dia vou sentar na minha cadeira e tomar o último chá da madrugada relendo as marcas que deixaste em mim. Vou escrever o último texto que relembre de você. Vou virar a página e nunca mais irei relê-la
Neste dia o poema ficará mudo.
As cores ficaram sem vida.
As rosas. Ah! As rosas... Essas serão de plástico.
E as marcas serão simples molduras envelhecidas no coração.
O poeta é um louco desvairado.O chá sem gosto.
A mesa vazia, posto que já não vive mais em mim teu cheiro, teu gosto, teu rosto, teu ser.