terça-feira, 24 de setembro de 2019

Para lembrar

Ainda tens os copos de leite emoldurados?
Ainda mantém os cintos pendurados atrás das portas?
Ainda tens as miniaturas em tua cozinha branca
Copos de sonhos?
Gotas de vida.

Em horizonte diametralmente opostos colocamos nosso livros

Ainda guarda os  meus últimos rabiscos a lápis ?
Ainda conservas o sabor do café na boca?
Ainda toma goles pequenos de desejos?
Corpos na cama?
Gotas de vida.

Num emaranhado de coisas há as pequenas e detestáveis caixas coloridas, antigas é bem verdade. Atuais como necessário.
inimaginavelmente surpreendente
Inimigos calados em opostos vencidos?

Ainda guarda as marcas?
Ainda sabes do café?
Em tardes ensolaradas,
Pequenos goles na solidão da vida.
Gotas de vida.

E para lembrar, tome um café,
Leia um texto, feche os olhos.
Feche bem os olhos e  traga as primeiras lembranças, os primeiros momentos
Ainda  é capaz de lembrar?
Do roçar de pernas debaixo da cadeira
Do molhar dos lábios
Do primeiro pedido

Para lembrar ou para esquecer?

Café nos soa tão bem

Para lembrar.

Quanto de você ainda pertence a mim?
A tua pele, dorada em trajes cada vez mais ousados,
Os teus olhos
Vejo a imensidão da tua alma,
teus sonhos de menina
teus desejos de mulher.

Tens em teus lábios, os contornos da minha boca
Em anseios diários,
Em fotos, em gestos, em vida.
E quanto espero ver-te
em seus vestidos, em suas bocas e gestos

Não sabes que pertence a quem te desejas bem?
Não sabes que a vida te alimenta de pequenas palavras diárias?
Não sabes que os teus olhos, que olho, são olhos de ternura e maciez

Então não furte de ti a felicidade
O sorriso recheado de beleza
A fragrância do teu cheiro
O sonhar o simples  da vida

Toda bela, toda fera és assim
beleza  em pingos de lembranças