sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Ficha de telefone

 Sou do tempo do orelhão. Da ficha de míseros três  minuto. 

- você  tem um ficha de telefone pra me emprestar? 

Assim era nossas vidas  numa ligação. De três em três  minutos. 

Era pouco e precioso o tempo.

Quem é  desta época em Belo Horizonte, bem lembra da grande inovação. As cabines na praça sete. A gente se sentia em uma cabine em Londres. Tinha até fila.

Quando você olhava para pessoa da sua  frente e notava que ela  tinha um saco cheio de fichas nas maos . Era desanimador saber que agora ele não ia sair da cabine.

A expressão "agora a ficha caiu" vem desta época em que a ligação, ao completar escutava o som da ficha  caindo.

Tempos que a gente era mais gente e menos robô.

Ainda existia a carta, o fax, o bip,  o telegrama, a revista play boy, pendurada  nas bancas que todo mundo dava aquela espiadinha.

A rua Curitiba  era mão dupla e os ônibus  eram de cores variadas. 

Xodo da Vovó  imperava muito antes do McDonald's.

Ter uma Barsa era sinônimo de inteligência e poder.

Tênis era o all Star. Ah este era o tênis.

Não existia "ficar " ou estava namorando  ou estava sozinho.

Quinta tinha feira rippie  na praça da liberdade. Nada de industrial era tudo  artesanato  mesmo. Até o baseado que eles fumavam lá. 

A gente  marcava os nosso encontros  de orelhão  para orelhão.

Era assim, vc dizia que iria ligar para o orelhão próximo  e a pessoa ficava lá esperando 

Telefone  era coisa de rico. Pobre usava orelhão comunitário 

Tempo que se foi.

Veio o cartão Telefone, o e-mail, o celular que diziam que iria nos aproximar e na verdade nunca estivemos  tão distantes  uns dos outros.

Tempo  bom era o do orelhão, lá todos tinha que ficar perto. E sair de casa para conhecer gente.

Mas a gente vai levando e lembrando  de um tempo que se paasou

Você tem aí uma ficha de telefone pra me emprestar? 

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Prazer

 Pelas bordas da tua boca, minha alma se encontra.

Pelos contornos  do teu corpo me perco. Não quero  me encontrar. 

Pelos sussurros mudos dos teus pelos, deixo-me seduzir.

É  hora sem tempo, é calor sem fogo, é o perder o fôlego sem estar se afogando.

É o querer das mãos no seu é no meu corpo

É o se perder e se encontrar em cada beijo.

Pelas bordas  dos teus seios, encontro vida.

Pelos contornos dos teus olhos me vejo em ti

Amores, suor e prazer

A vida tem mais sentido quando amamos...


É aí que eu moro, é  aí que é  o meu lugar.