quarta-feira, 29 de julho de 2009

DOCE DE LEITE COM CÔCO E QUEIJO

Não é de hoje que ouço dizer que os opostos se atraem.E hoje realmente pude comprovar isto de uma forma totalmente nova e inusitada.
Aqui em Minas temos mania de comer queijo com doces variados. Goiabada, marmelada, doce de batata doce, doce de leite, etc. Mas somente hoje pude perceber que há um apredizado conjugal nesta combinação regional que é quase imperceptível ao paladar, mas de uma profundidade majestosa no trato da convivência amorosa.
Nenhuma combinação há entre o doce extremo do doce de leite com o sal do queijo minas e a textura do côco. Se comer um separado do outro o doce é doce e o queijo é queijo e o côco é apenas um côco, mas se juntos emitem um gosto novo, um misto de delicia e prazer. Um sabor as vezes inesplicável para quem experimenta.
Num relacionamento amoroso o ensinamento desta iguaria é de uma importância tremenda. As vezes somos extremos em nossa maneira de ser, as vezes somos doces demais ou salgados demais. Deixamos a nossa textura inicial e somos cascas grossas e sem sentido. Encontramos pessoas opostas, que nos dão trabalho para amar. É quase um desafio diário encontrar o encaixe perfeito e o sabor adequado.
A união do doce de leite com côco e queijo prova exatamente que é possivel juntar extremos diferentes e uní-los de forma saborosa e prazeirosa.
Hoje percebi que amar extremos é fundamental para uma relacão e que por mais que sejamos a gente mesmo, sempre poderemos unir com o outro e gerar um prazer maior. O amor responsável com o outro, que valoriza o outro em suas qualidades opostas.
Quem acredita que o sal realça o doce está certo que o extremo de um realça a centralidade do outro ou virse e versa. Não se pode comparar quem é o melhor ou o mais importante numa relação. Não se pode colocar como prioridade o que é propriamente nosso, mas valorizar a diferença do outro e saber que a minha diferença com a sua diferença pode produzir um efeito maravilhoso em nossos corações. Carinho, respeito, amabilidade, confiança, perseverança...
Doce de leite e queijo é algo sublime. O queijo envolto pelo doce desprende seu sal e o doce envolve o côco e o queijo, unindo-os num mesmo lugar. Como precisamos disto em nossas vidas. Como precisamos de pessoas que nos envolva, mas deixe sermos quem somos com nossas diferenças e limitações. Como precisamos que alguém envolva nossos corações em proporções maiores que as nossas diferenças, que além de não agregar, traz a repulsa pela diferença. Como precisamos de pessoas que estejam dispostas a lutar pelo que somos e o que acreditamos não porque ela acredita ou possa entender, mas pelo simples fato de que ela nos compõe a vida, ama nossa causa e nos quer por perto unido a ela sem oferecer sua maneira de ver a vida.
O papel do côco é singular nesta história gastronômica. Ele envolto entre o doce e o sal exerce papel de textura. Quem estará disposto a ser textura da nossas diferenças?
Acredito mais em amores impossíveis.
Acredito mais em relacionamentos extremos, onde o eu te amo anda junto com o eu te odeio. Isto é vida. Isto é ser quem somos. Sentimentos a flor da pele.
Conjuro-te que há mais em nós que apenas extremos e que somos sozinhos, acredite você sem a minha preseça e eu sem a tua e como a manhã sem sol, mar sem sal, fogo sem calor, Não se pode conceber.
Somos juntos o que sonhou Romeu e Julieta. Somos mais se somos um. Sem a morte da separação ou o descaso do nosso destino limita-nos a sermos sal e doce, sem textura, sem vida. Então melhor e juntar nossas diferenças em uma só taça e regar-nos de toda vitalidade que produz esta paixão.
Mas se acreditas em possibilidades, acredita no Doce e no queijo. Em mim e em ti. Que a mesma impossibilidade do destino não é o fim da história. Que aprendemos mais em doces e queijos do que em beijos e bocas. Em promessa feitas fora do coração que nao servem como divisor de águas ou preparação de um novo caminho, então nos resta acreditar no destino que nos uniu a um só sabor, uma só vontade. Completar o que ainda não fora completado.
Hoje aprendi a superar a limitação do seus e dos meus extremos. Aprendi com este doce, com este queijo, com este côco. Aprendi que posso esperar que alguém junte-nos numa taça e sejamos mais que meros acasos. E como música diz: "Somos o que há de melhor, somos o que dá pra fazer, o que não dá pra evitar o que não pode esconder". Feitos um para o outro, mesmo de uma forma inusitada.