terça-feira, 2 de julho de 2019

Historinhas para distrair - devido a pedido finalizando a Historinha da Ana Lu

Era uma tardinha destas de sol bem amarelado que finda o dia,  refletindo tudo que foi feito durante o dia. Mais um destes dias interioranos.
Encontro marcado na sorveteria e João preparava-se para o tão sonhado encontro com a sua amada Ana Lu. Ele havia acordado cedinho, aliás se é que conheço este afortunado apaixonado, ele nem dormiu a noite inteira pensado no que iria falar, como iria acontecer o primeiro beijo. Ele deve ter se imaginado o Clark Gable beijando Viven Leigh em o Vento Levou . 
Água de colônia em todo o corpo, cabelos com a melhor brilhantina, terno branco de linho perfeitamente amassado e muito sonho no coração. 
Já  passava das  cinco e meia quando João chegou a sorveteria da praça. Escolheu logo uma mesinha no canto para ficarem mais à vontade e quem sabe eternizar ali mesmo um  beijo apaixonado. 
- Ô sinhô Bertolo, boas tardes - declarou alegremente João - Boas tardes João! Aonde ocê vai assim tão apresentável, homi?
- Oia , sinhô Bertolo, hoje consegui um encontro com  Ana Lu e vosmicê e não vai ficar ai espiando igual  onça na presa. 
- Vê se sou fuxiquento, homi. Eu tô é feliz da conta por ôce. Até que em fim - disse o dono da sorveteria. 
Bertolo era um destes homens grande de um branco avermelhado. Foi para a capital ainda jovem e voltou anos depois casado e dono de sorveteria e diga-se de passagem era a ultima moda na cidadezinha.
- Ô João - falou o sorveteiro - Olha quem ta chegando?
João olhou e viu Ana Lu, mais linda do que nunca. Tinha fita azul no cabelo, vestido de chita. Andava bem leve. 
- Ela ta vindo - disse o apaixonado da tarde.
Ana Lu veio passo lento, e entrou na sorveteria.
- Boas tardes, sinhô Bertolo - Exclamou a moça com sorriso nos lábios
- Boas tardes, Aninha, como vai dona Maria, sua mãe - perguntou o sorveteiro
- Ela passa bem, inté veio comigo, só que parou na venda do seu Tinoco para comprar algumas coisas, mas agorinha ela das as caras por aqui.

João estava trêmulo, olhando  imóvel para Ana. Seu coração batia acelerado e a boca seca o fez engasgar.
- han han! - expeliu involuntariamente o apaixonada da tarde.
- Oi João, como vosmecê ta?
- Eu, eu...
 Ele ta bem Aninha - socorreu o sorveteiro de plantão
- Sim, eu to bem. Vamos sentar Ana. - disse puxando a cadeira do canto

Ana Lu, sentou-se e  olhava para João com ternura. Ela era uma moça de uma beleza interiorana, de puros modos e grandes cabelos.
João, um caipira que não tinha aonde cair morto, mas que trabalhava de sol a sol, juntando tostão por tostão afim de comprar um pedaço de terra para pousar a vida.

- Olha João, minha mãe não sabe que eu vim, desta feita, não posso encontrar com vosmecê aqui - Ana olhou para a rua e notou a mãe vindo em direção a sorveteria-  Então,  te espero  depois da missa de domingo na ponte.  - Ana  levantou rapidamente e deu um beijo tão rápido que o piscar dos olhos seria lento e  levantou-se para sair
.
- Sim é claro que sim

- Bora pra casa fia, seu pai já ta esperando - falou dona Filomena, mãe de Ana Lu, entrando na porta da sorveteria

 O nossa caipira ficou estático, paralisado com o beijo relâmpago que recebera. Ali no seu pensamento, ainda Ana lhe beijava. Pôde confirmar o amor dela. Pôde notar que seu amor tinha encontrado a outra margem do riacho doce. Seu coração suspirava a delicia de ser correspondido e não havia nada mais que importasse. Ali, sentado sonhava alto com a sua amada..
- João, acorda homi - exclamou alto o sorveteiro

João saiu pelas ruas  sonhado com domingo encontrar a sua amanda....

continua


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Historinhas para distrair 2

Naquele dia, Maria Rita encontrava-se agitada. Andava de um lado para o outro, sempre com os passos pesados sobre o chão de tábua corrida da casa da avó. Seus cabelos longos voavam a cada vai e vem. Parava, olhava para a janela e via apenas o descampado da fazenda. Havia até alguns homens trabalhando, outros arreando o cavalo e algumas mulheres estendendo  roupas ao longo do rio que passava próximo a entrada da casa.
- Ô Maria! Gritou lá de fora.
Seus passo apressados desceram um lance de escada, virou no corredor que dá acesso a parte de lateral da casa.
- Ô Maria, cê demora demais, tô aqui esberrando ocê há um tempão.
- Cê ta doido homi, eu to lá na sala vigiando, pra vê se ocê chega  e nada  de dá as cara.
- Uai, ocê não disse pra eu vir sorrateiro, pois então, eu vim e tem recado do doutozim pra ocê.
- Conta, logo homi de Deus - Maria fala e segurava firme no braço do mensageiro do sertão.
- Então, ele disse que é pra modi de ocê ir hoje a tardinha la na cidade  e entrar na igreja que ele ta te esperando.
- Então vou pedi o Zulão pra colocar Filomena na charrete o mais ligeiro possível. Ocê faz o seguinte, Tonho, corre depressa e avisa Zulão pra preparar Filomena na charrete, que eu to saindo homi. Coração ta batendo na boca ...

Amor de sertão, é amor de carta, de recado dado as pressas, de amor encontrado no silêncio frio da igreja. Amor que agita e acalma. Amor de Maria Rita e Doutor Mendes. 
Amor da ingenuidade de pessoas sábias lá da roça, dos tempos de minha avó Sebastiana, índia de cabelos compridos e negros. 
Amor destes não tem pressa, corre bem lento, experimentando as curvas do coração. 

Maria Rita casou-se com o doutorzinho e no dia da cerimônia, Maria Rita estava ainda com o coração batendo na boca quando entrou na igreja e lembrou de onde tudo havia começado a um ano atras. diante daqueles bancos onde ela deixava, vez por outra, um bilhetinho com o pseudônimo de Amor dos Amores e ele correspondia deixando versinhos assinado Coração Amado. 

Dizem que tiveram seis filhos e todo final de tarde eles deixavam um versinho escrito em bilhetes pelos cantos da casa. Maria Rita e doutor Mendes viveram juntos até os sol de suas vidas se por numa tarde de outono.

Amor, que amor não se basta na razão. É coração em chama e ninguém pode deter.

continua...