segunda-feira, 15 de junho de 2020

PERMITA-ME

Permita-me lembrar-te da noite passada.
Suas palavras regadas a emoções.
Palavras molhadas ao prazer dos amantes.
Permita-me ousar em identificar seus sussurros. "Ama-me", "toque-me", "abraça-me".
Permita-me dizer que nos teus olhos fechados há mais revelação que quando abertos.
Sons às escondidas.
Tons em meio tom.

Permita-me lembar-te dos teus desejos,
Áurea e ampla de pensamentos sensoriais,
De pele,  de pelo, de toque, do gosto.
Somos assim. Vivos de vontades. Vivos de prazer. 

Permita-me lembrar-te dos meus toques, 
Sonhos que se pode sonhar ainda acordado, percebido, desejado.
Das minhas palavras e das tuas respostas.
Dos escondidos olhos e revelados.
Dos lençóis amarrotados, desarrumados. 

Permita-me.

Permita-me recordar dos anos longínquos,
Ainda são anos reais,
Ainda são desejos vitais
Que permeava a mim e a ti 
Vendaval de emoções lembradas, caladas, contidas.

Permita-me relembrar que os sonhos ainda vivem,
Pois desejados ainda são. 
Das tulipas no quarto,
Do sofá da sala de estar, 
Das miniaturas da cozinha,
Do "seja Benvindo a este lugar".

São todas recordações permitidas sem permissão. 
Permita-me?
Não dizer adeus no dia seguinte, 
Somente para viver novamente esta nossa paixão.