Por fim, eis que entrego os meus dias a ti
Não me deixo rico e nem pobre, apenas eu.
Não me perguntes e não me incomodes mais
Leve o que é teu e deixe o que é meu,
Restos do que fui.
Não vou lhe deixar a casa, o carro e o cachorro
Não lhe deixo também as flores, essas são minhas
Não levarás nada além deste corpo sóbrio e bem vestido.
Quiseras levar-me antes, doce ingenuidade.
Há tempo para todas as coisas, até para ti
Eu mesmo gostaria de dizer: não me roubastes a mim, mas eu deixei-me ir a ti
Sim, não sorrias de tal anedota.
Eu nasci
Eu vivi
E hoje eu morri.
Morte, hoje meu sorriso estampado em tua cara, mostra que o que você leva, não o leva por ti
Levas por nós
Vives, morte, da vida alheia
Dos sonhos alheios
Em ti não há vida nenhuma, apenas uma palidez profunda que o tempo te deixou.
Não lhe deixo meus textos, meus rascunhos, minhas histórias
Deixo apenas a vontade de querer mais e mais
Da vida.
Então não posso temer-te, oh pálida e sem gosto.
Hoje resolvo viver enquanto tenho o que não podes ter e nem de outra forma poderias
Nasci,
Vivi,
Mas ainda não morri, vivo.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
REGALADO AMOR
Meu amor,
Encontra-me
Não perca-me
Prenda-me a ti.
Meu amor,
Beija-me
Abraça-me
Concedo-me a ti.
Meu amor,
Faça-me
Teu, Seu e Meu
Enquanto estou por aqui
Aperta-me
Não me solte
Até amanhecer.
VIDA EM TELA
E para que servem os teus lábios se os meus lábios não encontram os seus.
Pura e simples ficção moderna de amor,
Onde os beijos em tela, em desenhos que não pintamos
Mostram a vida em cores, e sem o cheiro, sem amores.
Rifa-se o encontro marcado,
Em momentos íntimos distanciados
Pela paixão que não se teve.
Do toque não se sente
Ao passo da experiência descontente.
De que vale a lua, as estrela, o orvalho
De que valem as margaridas, as rosas vermelhas
De que vale, meu Deus, tanta beleza
Se passamos a ver por telas de umas poucas polegadas
O artista fugiu de nós
A música se tornou acústica demais aos nossos ouvidos
E preferimos os sons mecânicos e sem vida.
Nossas noites sem seresta
Nossas manhãs sem a orquestra
De pássaros, de gente, de vida.
Então evoluímos
De seres humanos com toda a disponibilidade
Para seres mecânicos em nosso mundo digital
SE TEM UMA PEDRA NO SEU CAMINHO, EIS A MINHA SOLUÇÃO
Sempre que leio Drummond eu me pego a pensar: Se havia uma pedra no meio do caminho e no meio do caminho havia uma pedra, o que se pode fazer quando uma pedra esta no meio do caminho da gente?
Pensando e relendo o lindo poema eu descobri uma coisa:
A melhor forma de solucionar o problema, se é que estamos falando de um problemas, não é retirar a pedra, com sua beleza dura que nos coloca um dilema de continuar a caminhar. Não podemos simplesmente arrancar uma pedra em nosso caminho, pois vejo esta pedra não como uma pedrinha, mas uma Pedra. Algo que nos faz parar e admirar. Algo que nos faz manifestar a nossa condição de pessoas normais numa vida normal. Então qual é a solução? Simples façamos outro caminho.
Quem quiser vencer, ter sucesso ou mesmo ser feliz tem que fazer outro caminho e este caminho não precisa simplesmente anular as pedras, mas respeitá-las. Fazer um novo caminho é desafiador, pois desbravaremos o desconhecido, mas ao mesmo tempo nos dá a primazia de dizer: "eu fiz este meu caminho com as minhas foças".
Não gosto de caminhos prontos, é um tédio olhar a estrada já pronta e sinalizada. A vida não é uma receita minuciosa do bolo da vovó, a vida é o desconhecido humorado das crianças. Gosto disto. Gosto de andar de pés descalços (bom agora não muito, pois quebrei o tornozelo), mas gosto do contato com a terra, mãe natureza de todos nós.
Mas voltemos ao Drummond, ele realmente fez a gente pensa na danada da pedra e ignorar o caminho. No meio do caminho havia uma pedra? será que no meio do caminho havia uma bendita pedra? ou será que a vida esta limitada a apenas aquele caminhozinho que gostamos de percorre a vida toda e que nos torna pobres de crescimento?
Claro que não quero destorcer o significado do poema Drumoriando (acabei de invetar uma palavra), mas como o poema é livre e posso ter a impressão que melhor gostar, eu gosto de pensar que o caminho é um caminho chato, preparado e sem cor. E aquela pedra transforma a tediante viagem em uma bela incógnita: o que fazer diante de tal pedra. Eis a minha solução: Construa outro caminho que te levará ao destino que você desejar.
Havia uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho havia uma pedra. Que maravilho eu fiz o meu próprio desvio e cheguei feliz e realizado, pois pedra alguma irá nos parar
ps. Propositalmente eu misturei a primeira e a terceira pessoa kkk que lambança kkk
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Espartilho Vermelho
Quem te cobre de vermelho, branca e suave pele?
Era vitoriana que modela tua cintura,
Modela para modelar nossos pensamentos
Envolto ao teu corpo, peça que te tal lhe define
Curvas e volumes, toques e sensuais.
Desejo dos que te olham, delírio dos que te tocam
Corset a lá franceis, com sua beauté d'une femme
Traduz o desejo convidativo de tuas formas
O vermelho em ti em pequenas porções
Oh doce, suave e delgada senhora
Que sonhos me trazem
Meninos se perdem
Homens se arriscam
Seduzidos pelo Espartilho vermelho em pele branca...
Era vitoriana que modela tua cintura,
Modela para modelar nossos pensamentos
Envolto ao teu corpo, peça que te tal lhe define
Curvas e volumes, toques e sensuais.
Desejo dos que te olham, delírio dos que te tocam
Corset a lá franceis, com sua beauté d'une femme
Traduz o desejo convidativo de tuas formas
O vermelho em ti em pequenas porções
Oh doce, suave e delgada senhora
Que sonhos me trazem
Meninos se perdem
Homens se arriscam
Seduzidos pelo Espartilho vermelho em pele branca...
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