sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

VIDA EM TELA

E para que servem os teus lábios se os meus lábios não encontram os seus.
Pura e simples ficção moderna de amor,
Onde os beijos em tela, em desenhos que não pintamos
Mostram a vida em cores, e sem o cheiro, sem amores.

Rifa-se o encontro marcado,
Em momentos íntimos distanciados
Pela paixão que não se teve.
Do toque não se sente
Ao passo da experiência descontente.

De que vale a lua, as estrela, o orvalho
De que valem  as margaridas, as rosas vermelhas
De que vale, meu Deus, tanta beleza
Se passamos a ver por telas de umas poucas polegadas

O artista fugiu de nós
A música se tornou acústica demais aos nossos ouvidos
E preferimos os sons mecânicos e sem vida.

Nossas noites sem seresta
Nossas manhãs sem a orquestra 
De pássaros, de gente, de vida.

Então evoluímos 
De seres humanos com toda a disponibilidade 
Para seres mecânicos em nosso mundo digital

Um comentário:

Anônimo disse...

Até para o artista, que a vive a vida diante de uma tela de verdade, a vida em tela não é vida!

Nada como a vida vivida fora da tela... a vida real: lábios que se encontram, cheiros, toques, olhares, o amor, o desejo, as conversas, as desavenças, a cumplicidade!

Embora eu ache o mundo digital fascinante, não sou escrava dele (e, embora não te conhecendo pessoalmente) acredito que você também não seja.

Nada substitui uma conversa cara a cara.
Nada substitui ver as flores “in loco”, ainda que exista uma bela fotografia delas.
Nada substitui sentir o orvalho sobre si mesmo.
Nada substitui sentir o cheiro da terra molhada.
Nada substitui o cheiro de um bolo que acabou de ser assado.

A vida não foi feita para ser vivida numa minúsculas telas.
A vida foi feita para ser vida no mundo real.

PS: outro dia estava almoçando no shopping e é claro que a maioria das pessoas (mesmo os que estavam acompanhandos) estava de olho na tela do celular.
Mas, foi um casal com uma criança de uns 5 anos que mais me chamou a atenção.
Cada um do casal estava no seu mundo virtual e a criança olhava para o nada.
Pensei comigo, será que o que está no mundo virtual é mais importante que o mundo real?!