segunda-feira, 1 de julho de 2019

Historinhas para distrair 2

Naquele dia, Maria Rita encontrava-se agitada. Andava de um lado para o outro, sempre com os passos pesados sobre o chão de tábua corrida da casa da avó. Seus cabelos longos voavam a cada vai e vem. Parava, olhava para a janela e via apenas o descampado da fazenda. Havia até alguns homens trabalhando, outros arreando o cavalo e algumas mulheres estendendo  roupas ao longo do rio que passava próximo a entrada da casa.
- Ô Maria! Gritou lá de fora.
Seus passo apressados desceram um lance de escada, virou no corredor que dá acesso a parte de lateral da casa.
- Ô Maria, cê demora demais, tô aqui esberrando ocê há um tempão.
- Cê ta doido homi, eu to lá na sala vigiando, pra vê se ocê chega  e nada  de dá as cara.
- Uai, ocê não disse pra eu vir sorrateiro, pois então, eu vim e tem recado do doutozim pra ocê.
- Conta, logo homi de Deus - Maria fala e segurava firme no braço do mensageiro do sertão.
- Então, ele disse que é pra modi de ocê ir hoje a tardinha la na cidade  e entrar na igreja que ele ta te esperando.
- Então vou pedi o Zulão pra colocar Filomena na charrete o mais ligeiro possível. Ocê faz o seguinte, Tonho, corre depressa e avisa Zulão pra preparar Filomena na charrete, que eu to saindo homi. Coração ta batendo na boca ...

Amor de sertão, é amor de carta, de recado dado as pressas, de amor encontrado no silêncio frio da igreja. Amor que agita e acalma. Amor de Maria Rita e Doutor Mendes. 
Amor da ingenuidade de pessoas sábias lá da roça, dos tempos de minha avó Sebastiana, índia de cabelos compridos e negros. 
Amor destes não tem pressa, corre bem lento, experimentando as curvas do coração. 

Maria Rita casou-se com o doutorzinho e no dia da cerimônia, Maria Rita estava ainda com o coração batendo na boca quando entrou na igreja e lembrou de onde tudo havia começado a um ano atras. diante daqueles bancos onde ela deixava, vez por outra, um bilhetinho com o pseudônimo de Amor dos Amores e ele correspondia deixando versinhos assinado Coração Amado. 

Dizem que tiveram seis filhos e todo final de tarde eles deixavam um versinho escrito em bilhetes pelos cantos da casa. Maria Rita e doutor Mendes viveram juntos até os sol de suas vidas se por numa tarde de outono.

Amor, que amor não se basta na razão. É coração em chama e ninguém pode deter.

continua...



2 comentários:

Anônimo disse...

Agora é a minha vez de dizer: homi di Deus, o qui si açucedeu com a Ana Lu i o sorveti qui ela ia toma com o seu pretendenti 😱😱😱?!???

Maria Rita e seu Dotorzim... que causo mais lindinho!
Muito amor em versos e prosas e trocas de poemas entre o casal.

Adorei!!!!!!

Anônimo disse...

Que linda esta história de amor da Maria Rita e do doutorzinho!
Amor de cartas, de olhares e de espera!
Do namorico para o casório... do casório para os filhos (quanto mais, melhor), mas sempre mantendo a chama do amor.
E quantos relacionamentos terminam não por falta de amor, mas por excesso de rotina.