quarta-feira, 26 de junho de 2019

Historinhas pra distrair

Sinto o vento em meu rosto. Sinto o sol que toca minha pele. Em meia tantas provocações da vida, resta-me viver a mais pura felicidade de estar aqui, vivo e ainda lúcido. Poucos  se importaram de fato com o fato de sentir a vida.
Sentado nesta grama verde, de longe vejo a minha cidadezinha. Nasci em meio aos verdes pastos e ainda carrego comigo o cheiro do mato, da terra molhada em dias de chuva fina. Carrego em mim os traços mais profundos da gente simples, honesta e trabalhadora. 
Trago na minha aljava as flechas que não disparei contra quem mereceu, não sei se por honestidade caipirana, não sei se por falta de vontade. O certo que elas nunca saíram em direção a ninguém. 
A minha vida é boa e bons são os meus dias de possibilidades diante dos monstruosos problemas que acarreta a gente. Aquela gente que anda de chapéu de aba larga e mãos grossas de enxada.

*  *  *

Tardinha dessas vi Ana Lu, sentada na calçada da praça. Vestido de chita, sempre a acompanhou. Cabelo de um preto viscoso e brilho intenso, sempre preso com uma fita flor. Passei meio que assuntando de rabo de olho. Vergonha sempre foi aliada, mas esforcei as canela  para não tremer e fui aproximando da moça. pé atrás de pé e quando cheguei fiz de bobo e perguntei: Ana ocê quer ir mais eu no coreto ver a banda? Ana Lu olhou que olhou pra mim, senti um arrepio mandado retirar, mas mantive firme, já que ensaiava isto a mais de ano. 
 - Ocê é besta demais ne, João, to aqui a mais de ano esperando ocê decidi se fala comigo e hoje ocê vem e convida pra ir ver a banda. A banda já tocou homi. Mas aceito ir na sorveteria.

continua....




Um comentário:

Anônimo disse...

Que fofo!
Deu para ver todos os detalhes... sentir o clima... e ficar curiosa aguardando quando vira a continuação.