Ao menos pudesse entregar-lhe os pensamentos, as fantasias deixadas e os retratos na parede.
Prosa em versos em couché de finos traços a caneta de mão,
Entrego-lhe desejos de noites passadas, exclamadas em palavras românticas
Tudo para deleitar-me com tua vontade.
Embora siga a estrada empoeirada, as macieiras ainda dão seus frutos
E no jardim de acácias vibrantes, respinga o amarelo dos teus olhos.
Á forma de olhar, o senso de beijar e as mãos a abraçar.
És ainda regada a desejos pelos desejos meus?
Ainda danças as valsas em madrugadas enluaradas?
Ou apenas vislumbra do passado, a mais remota lembrança?
Pudesse ao menos dizer-te: amor
Enquanto o caliente sol nos aquece.
Enfim o sinal da tua ida, dos teus acenos ficaram na estação.
O trem que se foi, voltou sem a ternura ta tua presença
E a fumaça, ora vista de longe, deu lugar ao menos aclamado ruido,
Das cordas do violão,
Das folhas secas no chão,
Das eternas e infindáveis noites de solidão,
Da chuva sem estação
Do verso sem a canção
Sons, que sons não tem, não se exprimem
Exasperar ao toque da saudade
As cartas ainda estão endereçadas
"Cartas para um amor distante"
Um comentário:
Adorei essa passagem “Á forma de olhar, o senso de beijar e as mãos a abraçar“.
O que seria do mundo sem as cartas, e principalmente, sem as cartas de amor?!?!
Adoro quando vou em exposição de alguém famoso e vejo as cartas que foram recebidas e enviadas.
Só o gesto de sentar, preparar a mesa, separar os papéis e caneta já demonstra que a pessoa está pensando na outra.
Ir fazer a postagem e ficar contado os dias até a resposta chegar... isso não tem preço!
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