quarta-feira, 15 de julho de 2020

Olhos - I

E  aqueles olhos?
A pele macia, branca, aveludada. Desnuda.
Aurora que repousa sobre a cama.
Olhar.

E aqueles olhos?
Viram tantos segredos,
Tantas cenas. 
Pernas e abraços.

E aqueles olhos?
Fechados, pensando, pensando em nós.
Esperando, crendo, firmado.
Sonhos em um só nó.

E aqueles olhos?
Sorrindo, alegres, festejos.
Do olhar de criança. Mulher.
Dorados cabelos no azul do céu.

E aqueles olhos?
Esperança de voltar, ficar e adormecer,
Em meus braços, dados ou envoltos.
Corpo. Alma.

E aqueles olhos?
Espelhos d'alma. Do tempo.

Os olhos não envelhecem os sonhos,
não enrugam as paixões. 
Os olhos não mentem.
Olhos... quantos ainda dizem "vem me buscar"?
Olhos e olhares, quantos ainda me dizem "amor"?

Da íris encantada,
Solícita de prazer.
Do beijo.
Da festa. Da cama.
Das margaridas olhadas com a alma. Alma dos olhos.
Dos copos de leite, testemunhas oculares de tantos olhares,

Da porta do quarto ainda entreaberta.
Das miniaturas na cozinha, 
Do jantar de olhos nos olhos,
Da mesa posta e da cama desarrumada.
Quantos olhos me tem ainda de olhos fechados.

E aqueles olhos, onde estão?
Na cama do inverno
ou na  varanda do verão?

Olhos.... Donzela  aveludada, desnudada, prazerosa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando li esse texto pela primeira vez fiquei encantada!
E ao reler inúmeras vezes, meu encantamento só fez aumentar.

Fiquei imaginando quem foi a musa inspiradora que te encantou com os olhos (mas como sei que você não conta que são elas, já deixei de pensar no assinto).

Esse texto transmite tanto desejo, tanta paixão, tanto bem-querer, tanta vontade de estar juntos que é impossível comentá-lo.
Pois, você já disse tudo!