segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Buriti

 Eia seu moço que não tem coisa mais bela em nois  ver um buriti no meio do sertão. Cê já viu? 

As foias verde que de longe  se mostra. O vento vem das bandas do Areial e bate naquelas foias verdinha  e jacuaia num tribulé danado. Eita buriti formoso.

Buriti no meio daquela baixada seca é  o único  que fica verde. Meu avô  sempre dizia se tem buriti, tem água nos profundo do chão. Pode cava e o sinhô vai ver.

Buriti é  árvore  de dar nome a lugar. Acredita o Senhor que eu nasci no Buriti azul, lá pras bandas do findar de Minas, Paracatu aonde rio São Marcos faz a volta.

Buriti dos meu sonho de criança. 

O Sinhô não  vai ver lugar mais bunito que no meu buriti.

As água de lá  vai margeando a terra num desenho  de Deus. É lá que ocê vê  o assossego  da vida. 

Mais o buriti da foias verdinha  que nem verdura moiada  que balança  de lá pra cá,  assim ó, faiz  a gente gostar de viver.

Do Rio da preguiça  até  a fazenda do seu Belarmino  Teixeira  é  terra de secura nos mês  de julho até setembro, não se vê nada além de gaios  seco e capim queimado. Mas lá nas baixadas do grotao sempre a gente vê  aquele buritizal que diz pra gente que a terra tá viva ainda. Coisa de meu Deus.

Nhà é  uma cidadezinha  que eu foi certa vez, com desprendimento do Zé Leopoldo, ainda  quando era jove . Fomos de cavalo pelas estrada veia. Dias sem fim. Desassossego? Que nada. Tinha era muito mundo pra estes  oios  vê. Tem rio adormecido que quando acorda vem furioso levando tudo pela frente, só pra mostrar que não se maltrata a terra. Tem passo preto, tem bem-te-vi,  tem tucano e macaco-prego.  Tem uma tal de Maria preta que faiz  chá de tudo que é foia.  A fia dela, eita  morena vistosa que eu quis propor casamento, mas Zé Leopoldo  avisou que ela já tinha acerto de marido e que isso não trazia bom agoro  pra a viagem

Buriti  vi  demais da conta. Até comi das frutinhas que serve para enaltecer  o corpo da gente. Delícia é  com farinha de mandioca. 

Bom já vou indo pois ainda tenho que moiá as plantas que o sol hoje tá no pino. 

Amanhã eu vorto  pra gente prosear. Inté.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vou ter de ler com menos sono, para entender o nosso amado “mineirês”, ôh, amado escritor”!
Mas uma coisa posso dizer: amo doce de buriti e faz anos que não o como.
Este texto de deixou com água na você !!!!!

Anônimo disse...

Realmente, Buriti fica bem no finalzinho das Minas Gerais, lááááá onde o vento faz a curva!!!
Lugar quente, muito quente, mas como toda cidade de Minas (principalmente as do interior) sempre há tempo para uma prosa, para um “baum?! Baum!”
Só nós entendemos o quanto esse “baum” significa.
Sempre há um “cafezin” coado na hora (no coador de pano). E é ofensa quase que mortal não aceitar o “cafezin”.
E com ele vem “só” umas coisinhas para acompanhá-lo: broa, “pãozin di quijo”, “queijin”, “biscoitin”.
Daí, você sai daquela casa e vai na casa da tia e o quê te espera: o “cafezin”!
Amo ser mineira, o nosso jeito de falar, as nossas histórias e a nossa hospitalidade!
Somos tudo isso e muito mais!
Amei o texto!

alex disse...

Obrigado

alex disse...

Obrigado