segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

amantes

Nada há debaixo da cama que não seja nossas roupas, nossos sapados contando uma noite que já acabou. Nem o frio do lençol ou o mais doce raio de sol poderá mostrar tudo que foi aquela noite. Noites mortas pelo dia. Noites dissipando como vapor de um orvalho que se vai. Amantes não mostram o rosto. Amantes mostram apenas o corpo; cabelos molhados e suspiros encerrados pelo dia que chegou.
Debaixo da cama não há testemunhas, não há registros feitos em sons, eles se foram junto com o último suspiro dado.
Já não há mais o barulho da noite, gemidos,suspiros...
Lençol ao chão, roupas que não se mostram no dia, peças que se espalham ao chão. Volúpia que toca a água e vira sereia com asas de borboletas, virtude de apaixonados... É o desejo de ter, de querer não amanhecer o fim da noite que se teve. Corpos são corpos É corpo em um só. Desejo que arranha, morde e assanha. Nada de reservas, nada de pudor.
Debaixo da cama, debaixo da noite, em cima do dia tudo que resta é o amor.

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