sábado, 26 de fevereiro de 2011

INFÂNCIA PLANTADA EM NOSSO JARDIM

Quando a vida entra pela janela do nosso quarto numa manha de domingo, notamos como a vida passa mais rápido do que conseguimos vivê-la. Não adianta tentarmos de todas as formas acompanhá-la. Ela, a vida, sempre vai estar um passo à nossa frente.
Há pouco tempo e não faz muito tempo eu comprava o que se chama aqui em Belo Horizonte de chup. Um suco que se coloca em saquinhos e espera congelar. Muito comum aqui e na minha época era o picolé dos pobres. Bem eu costumava comprar quando tinha alguma moeda, e sentar atrás do prédio onde morava para chupar aquela delícia gelada sozinho sem ter que dividir com ninguém. Era somente meu. Amava. Hoje fiz para meus filhos aqui em casa. Como era gostosa a infância naquela época. Nada de computador, nada de games, nada de TV o dia todo. No máximo assistíamos os Três Patetas, em preto e branco. Aliás, em duas cores: vermelho e azul. Isto devido aquela tela de duas cores que se colocava na frente dos televisores em preto e branco. Era muito bom ver filmes achando que as TVs em cores eram assim. Quem será que inventou esta marmota, heim!!
Gosto de lembrar-me da minha infância. Não tínhamos limites para brincar e podíamos brincar na rua ate escurecer. Andávamos descalços sem o medo de se pegar uma doença. Nadávamos em rios e lagos sem nunca ter pegado uma doença. A vida era mais calma e menos disputada. Alugávamos bicicleta, dá para acreditar? Alugar uma bicicleta velha para andar debaixo de chuva e morrer de rir da importância de se ter um amigo para ajudar a você se levantar quando caia. Ah! Como era bom.
Sempre pensei que a vida fosse um Sítio do Pica Pau Amarelo. Sempre pensei que para tudo se tinha um final feliz. E como era feliz o final de cada dia. Era somente esperar para o próximo dia e começar tudo novamente, sem ter medo de ser feliz.
Bem, mas a vida passa e com ela a nossa infância. Hoje olho para traz e vejo como foram importantes aqueles banhos de chuva. Aqueles momentos para pular corda na rua ou brincar de roda. Não havia tantos carros como hoje e podíamos ficar despreocupados porque ninguém iria desaparecer do nada como hoje. Criança era criança. Arma somente as de brinquedos. Policia e ladrão era a brincadeira predileta e ao final ninguém iria para a cadeia por roubo ou por drogas. Tudo era somente para dar muitas gargalhadas e saber que o futuro era apenas o próximo amanhecer. Mas a vida vem com suas responsabilidades e hoje depois de alguns anos eu tenho meus filhos e vejo o que eles estão perdendo por não ter mais a infância maravilhosa que tínhamos. Mas aqui em casa tentamos minimizar. Somos todos crianças e brincamos muito. Fazemos guerra de pipoca, soldadinho de plástico vira herói em nossas mãos. Fazemos imitações e dizemos uns aos outros com freqüência eu te amo. Plantamos a cada dia uma infância recheada de momentos bons aqui no nosso pequeno quintal e tenho colhido grandes gargalhadas e muito beijos. Acho que ainda vivo como se criança fosse. Desaceleramos a vida e conseguimos mais que bons momentos. Conseguimos viver. E no futuro quando meus filhos escreverem seus textos lembrará a infância que tivemos juntos aqui em casa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo!
Ao começar a ler o texto veio na minha mente a famosa brincadeira de polícia e ladrão!
E lembrei que adorava brincar com revólver de espoleta.
E até sei, eu e meus amigos somos pessoas de bem.
Tentei dar o melhor de mim para que meus enteados carregsssem dentro de sim o encanto de infância feliz.
Entrava nas fantasias deles... e ensinava para eles a minha fantasia.
Quando estávamos num restaure, para evitar o tédio, pegava um pedaço de guardanapo de papel e fazia uma bolinha e com as mãos fazia a "trave" de um campo de futebol e ficávamos ali tentando fazer o gol dando boas gargalhadas.
Não sei é nostalgia ou se realmente a infância que tivemos foi mais gostosa.
E quanto a dizer o quanto os amamos, isso é fundamental.