quinta-feira, 4 de março de 2010

Arrumei as coisas dentro de Mim

Entrei no meu quarto, dentro da minha mente e quebrei alguns móveis. Na verdade eu precisava jogar algumas coisas fora. Coisas que eu com certeza não precisaria mais. A gente tem a mania de guardar coisas imprestáveis que só ocupam espaços e tumultuam tudo.
Entrei depressa e joguei fora as lembranças tristes da infância, dos momentos de perda, de afastamento e de abandono. Joguei fora as retrospectivas medonhas da adolescência. Uma garota foi jogado fora, um ex-amigo foi jogado fora. Foram jogadas fora aquelas lembranças tristes de um garoto pobre. Fora todo sentimento negativo... Afinal já faz tantos anos. Logo percebi que havia mais, que precisaria jogar fora as lembranças dos Não que recebi na minha vida. Dos momentos de arrogância de alguns e despreparo de outros. Limpei minha mente destas coisas que inflamava meu coração.
Logo percebi que precisava entrar no quarto do meu coração também. E quebrei alguns aspectos da minha vida. Ah ... Como seria encontrar com velhos fantasmas? Como seria defrontar com meus medos e minha paixão. Precisava entrar e encarar minhas mágoas, as desilusões, os meus verdadeiros medos.
Entrei, olhei para frente e vi um homem profundamente perdido, tentando organizar-se. Colocava cartas de amor em escrivaninhas empoeiradas. Havia caixas e caixas de Eu Te Amo, percebi que era apenas um estoque que ainda não fora usado para se declarar à sua amada. Havia no chão retratos amarelados de algumas mulheres. Em cima, perto de uma caixa lindíssima e cheia de brilho, havia Sua foto, Sua voz registrada, Seu sorriso. Ele mexia com as fotos e lágrimas rolavam em seu rosto, pingando na foto. Ela é linda. Atrás de uma das fotos estava escrito. "Amo seus extremos". Não quis jogar esta caixa fora. Não podia tirar do homem aquela lembrança. Peguei uma das fotos e vi uma mulher linda. Quem não se apaixonaria? Quem não ficaria na mesma situação daquele Homem, daquele Eu interior? Senti profundamente o sofrimento daquele que chorava sobre as fotos.
Entrei no meu coração e encontrei um outro Eu. Um eu que é sensível, amável, sem barreiras, cheio de coragem, mas perdido. Profundamente perdido em suas concepções, suas ideologias, seus sonhos e seus projetos.
Eu entrei em mim mesmo e a única coisa viva que encontrei foi você. Intacta, latente, presente como a manhã de um domingo ensolarado.
Joguei caixas de coisas fúteis fora, limpei a escrivaninha, arrumei o estoque de Eu te Amo, e coloquei sobre as mãos do homem que chorava diante de Sua foto. Disse que o destino não tem rota certa e nem tempo determinado, mas passa quando tem que passar e fica quando tem que ficar.
Sai de dentro de mim, nem mais leve e nem mais livre, apenas entendi que não se luta com amor e nem se viver olhando para o passado. A vida acontece no presente e o presente acontece dentro da nossa vida.
Amo mais Você pelos Extremos e me entendo e me aceito mais pelas minhas Dúvidas....

Um comentário:

Anônimo disse...

Espero que homem que estava perdido tenha se encontrado!

Vez por outra precisamos fazer essas faxinas, por mais doidas que sejam.
A faxina que está na razão é razoavelmente fácil de ser feita, já a faxina do coração é algo doído por demais.
Ambas as faxinas precisam ser feitas solitariamente... para reviver o que está sendo jogando fora e entender que ficou no passado (embora sempre vá fazer parte da gente).
Vivamos o presente da melhor forma possível para que as faxinas não precisem ser feitas num espação curto de tempo.