terça-feira, 23 de setembro de 2008

trasitoriedade

Estava aqui parado tentando escrever minha aula de Teologia Sistemática sem nenhuma inspiração acadêmica e me ocorreu o inusitado. Algo muito incomum pra mim. Me peguei olhando a janela que fica logo à minha frente e observei o céu. Como é lindo o céu. As pessoas não tem noção de como ele é lindo. Há um azul lindo e ai me veio a pergunta: Como vai ser quando não puder ver este céu? As flores que amo observar? As árvores balançando suas folhas num balet lindo? Como vai ser quando não puder sentir o cheiro de chuva em terra molhada? Como vai ser quando não puder mais sentir o orvalho no rosto e abrir os olhos e um sorriso pela sua volta?
Percebi que nada é mais interessante do que a vida. A vida é rápida demais e não notar detalhes nela é um pecado contra a própria existência. Gostaria de poder voltar aos momentos que não notei coisas simples como o sorriso do meu filho ao me ver. Como gostaria de dizer mais eu te amo as pessoas que não poderei mais dizer.
Gostaria de que você ao lesse isto ponderasse sobre tua vida, suas escolhas. Olhe o céu como ele pode ser lindo se o olhássemos como se fosse a última vez. Se tivéssemos em mente que não temos o passado e nem o futuro, talvez seríamos seres humanos melhores, mais apaixonados e menos arredios. Viveríamos mais em verdades do que em mentiras, colocaríamos pessoas como prioridades e não nosso trabalho, nossas efemeras conquistas como primordial. Talvez diríamos eu te amo com mais emoção e menos desconfiança....
Dentro do meu esforço de preparar uma aula técnica de Sistemática teologica eu descobri a simplicidade da vida, da emoção, do céu...
Não é a morte que é celebrada aqui, nem o pessimismo, nem a frustração, nem a solidão de um intelectual, é a vida em sistemática analise de quem quer viver até poder ver o céu que ninguém ousou a ver.
Diante disto não quero esconder-me, refugiar-me em sonhos inatingíveis, mas e instantes imortalizados pelos meus olhos e guardada no arquivo da minha mente, onde eu posso lembrar que tudo passa, menos o céu.
Preciso voltar a aula agora, mas não consigo parar de olhar pela janela e ver o céu. Espero que possa olhar também e quem sabe não encontramos nossos olhares nele. O céu me pegou para contempla-lo como alguem que contempla sua amada em desejos de desvendar o que esta encoberto até a paixão repentina do ser. Ainda continuo olhando pra ele e está escurecendo, a tarde já se foi e com ele todo o azul exuberante de um dia maravilhoso. O que será que a noite nos reserva?

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando não pudermos mais ver e sentir nada disso, é sinal que já estará no "outro mundo" e lá (na minha crença) vai ver e sentir coisas muito mais neles.

Desde sempre fui encabtada com a natureza, com o céu, sol e mar.
Fico encantada ai perceber que não há um verde igual ao outro, que as árvores da mesma família possuem galhos diferentes...

E depois que a fotografia entrou com mais força na minha vida, passei a me encantar mais, sempre buscando novos olhares.

O que a noite te reservou eu não sei... mas espero que a vida tenha te reservado tudo de melhor desde então.