Pela lente dos seus olhos

Quão natural seria esbarrar em tudo que você é. Observar as coisas que só você vê em mim e achar graça. Quão natural seria encontrar nos riscos retos das aquarelas dependuradas na parede,  janelas que mostram quem você é e o que, de modo simples e belo, gosta de ver.
Seus olhos são lentes que gosto de ver.
Pela lente do seus olhos, sou mais amigo. Sou mais interessante que pela lente dos olhos alheios.
A gente para todos os dias diante do espelho e tenta ver que somos mais belo e não conseguimos ultrapassar o que o outro vê na gente. Seria a lente dos seus olhos mais apurada e com mais definição?
Seus olhos e seus olhares, Lentes que gosto de me ver. Neles não tenho limites, sou, o que antes queria ser, sem nunca ter sido ainda. Neles crio assas de Icaro. Neles sou mais honesto aos meus próprios olhos. Dai preciso me ver pela lente do seu olhos  e ver que a forma pode ser disforme e ainda assim ocupar espaço na vida de alguém.
Os dias são sol de alegria quando me vejo pela lente dos seus olhos.
Gosto de margaridas, de chá, de leitura a sós e ao mesmo temo gosto de ser o que você vê em mim,  mesmo que apenas pela lente do seus olhos a fotografar-me. Detalhes que sei que guarda pra você e que compartilhar seria perigoso.
Quão natural é o café, seu aroma destilando as intenções  veladas. Os olhares rapidos de percepção do outro. O café tem o papel fundamental na vida. Ele flerta com nossos sonhos e com nossa visão do outro. Café, que pela lente dos seus olhos, pode ser mais que um café, pode ser companheirismo, amizade, achongego, necessidade...
Assim vou eu, percebendo-me pela lente dos  seus olhos e descobrindo que a alegria e a beleza da gente está no olhar do outro.