Hoje eu acabei de ler "O Diário de Anne Frank" e fiquei
me perguntando muitas coisas sobre aquela garotinha de 13 anos que tinha
tantos sonhos, tanta personalidade, tanta força e que foi tudo interrompido de
forma tal abrupta como nos registros do seu Diário chamada de "querida
Kitty". Senti-me na obrigação de escrever um pedido de desculpas a
Anne a Kitty.
Sinto muito
Anne e querida Kitty.
Sinto muito Anne
que a guerra tenha lhe tirado de nós. Sinto muito por não termos conhecido a
Anne que você sempre quis ser. Uma jornalista e uma escritora. De certo
teríamos aprendido muito com seus escritos e hoje estaríamos mais realizados do
que estamos. Sinto como seria grandioso o seu sucesso e como isto impactaria a Holanda
do seu tempo e do nosso tempo.
Quantas coisas
poderiam ser escrito no seu diário e que poderia nos ajudar a sermos melhores.
Quantas coisas perdemos quando te perdemos para a guerra. E a sua Kitty ficou
órfã. Sem escritos, sem relatos do seu dia a dia. Sem saber como a Anne
amadureceria para a vida, para o amor, para a liberdade que tanto queria
ter. Anne, você não ficou presa dentro do Anexo Secreto. Você conseguiu
se libertar e deu via a Kitty. Sinto muito Anne se o mundo foi
brutal com você e não te deixou voar seu grande voo rumo aos seus sonhos. A
guerra foi cruel com você e conosco, pois nos tirou o direito de conhecer
você além do diário.
Hoje eu acabei de
ler o seu diário, um livro bem posso dizer, e me vi ali com você sentada
olhando para o horizonte de um dia lindo e florido. Eu pensei quantos anos se
passaram desde que você se foi. E as guerras ainda continuam matando muitas
ANNEs por ai. Imaginei você sentada, olhando o horizonte e eu aqui, do outro
lado do mundo, setenta e dois anos depois querendo encontrar você e falarmos
sobre a sua vida e sobre os seus sonhos.
Sinto muito Kitty
você ter sido abandonada de uma hora para outra. Talvez você ficou dias
esperando para que sua dona viesse escrever mais um relato. Quem sabe falaria
de Peter, ou do amor de Pim. Talvez mais uma sobre mamãe e a dificuldade de
amá-la. Anne não veio na primeira semana e nem no mês seguinte. Anne se foi.
Sinto muito Kitty
Sinto muito senhor
Otton, senhora Otton, senhor e senhora Van Daan, Senhor Dussel. Sinto muito
Miep e Bep Voskuijl, senhores Kleiman e Kugler. Sinto muito Holanda e todo o
restante do mundo. Anne M. Frank se foi. Não porque quis, mas pela incapacidade
de amor que uma guerra tem.
Olhando sua foto,
sinto-me triste porque tiraram desta geração uma pessoa tão honesta consigo
mesma. Uma menina que se descobriu e estava descobrindo o mundo.
Fico pensando como foi seus últimos dias.
Sinto-me triste em saber que não foram fáceis. Mas podem matar o corpo, pois o
Espirito esta vivificado, dizia o Apóstolo Paulo em uma de suas cartas. Isto
nos anima a amenizar na memória a sua dor.
Peço perdão Anne e
Kitty em nome daqueles que não entenderam que o ser humano é único diante de
Deus e tem direito de viver.
Peço perdão Anne
por me apropriar tão profundamente da sua história e da tristeza desta guerra
que é igual a qualquer guerra hoje. Muitas Annes estão morrendo ainda. Alepo,
na Síria é o registro mais cruel da imoralidade da guerra. Da incapacidade do
homem de amar seu semelhante e deixá-lo viver.
Muitos Anexos
Secretos ainda existem, muitas crianças e adolescente vivem escondidas. Não
temos mais a Gestapo, temos grupos terroristas Al Queada, Estado Islamico e
outros tantos que estão matando sonhos e prendendo pessoas.
Sinto muito por não termos notícias boas
para lhe contar, mas o homens não se voltou para Deus e seu egocentrismo ainda
é a causa de grandes tiranias no mundo atual.
Quem sabe chegaremos um dia que não haverá
mais guerras estúpidas que aprisionam e matam pessoas e assim possa nascer
muitas Annes com o espirito igual ao teu .
Um comentário:
Eis um livro que nunca li... aliás, por alguma razão que não sei explicar fujo de temas ligados tanto à 1ª quanto à 2ª Guerra Mundial.
Mas já li trechos do livro e comentários sobre o que esse ser passou e fico revoltada.
Não fujo de temas pesados, talvez já tenha lido relatos de violência, de todas as espécies, mais repugnantes e revoltantes que esse, por isso não foi covardia que me fez não ler esse livro até hoje.
Mas seu perdão é emocionante e lindo.
Felizmente, o holocausto praticado às claras e suas atrocidade foram banidos, mas sabemos que o holocausto velado continua a existir, portanto, o seu "sinto muito" vai para todas as Anne Frank que ainda sofrem todas as formas de abuso nos dias de hoje.
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